A estudar na escola Easter Mediteranean International School, na localidade de HaKfar HaYarok, Ramat HaSharon, a 10 quilómetros a norte de Tel Aviv, as portuguesas de 16 anos Maria Rita Figueiredo e Luísa Silva, nunca se sentiram inseguras em Israel até ontem, porém agora o que querem mais é voltar a Portugal.

Em entrevista ao SAPO24, e ao lado da amiga, Maria Rita Figueiredo contou que ontem acordou às 6h00 da manhã quando a vieram chamar para se deslocar a um abrigo, a 1 minuto do quarto onde vive.

"Ficámos uma hora no abrigo nesse dia e à noite voltamos a ouvir os alarmes por volta das 20h00 da noite. Agora estamos sempre em sobressalto a achar que vai voltar a acontecer", conta.

"No dia de hoje, tocaram várias sirenes, mas estamos relativamente seguras dentro do Campus porque existem várias patrulhas em volta. Porém, também hoje a equipa que está responsável por nós começou a ser chamada para o exército e esta aqui cada vez menos pessoas da comunidade internacional, logo disseram-nos a ir embora também", acrescenta.

Diz ainda que na escola existem várias pessoas provenientes da Palestina e de Israel e que todos dizem que "desta vez é mais a sério, o que nos deixa menos tranquilas".

Foram os pais das raparigas que contactaram a embaixada, contudo dizem que a ajuda não foi muita. Entretanto, o maior medo das duas é o momento em que vão ter de sair da escola e dirigir-se a tempo de apanhar o voo ao aeroporto que fica a 30 quilómetros da sua localização atual.

"Vamos chamar um Taxi e tentar chegar ao aeroporto, mas temos medo que toquem as sirenes e sejamos parados a meio", diz.

O governo anunciou, esta tarde, que um voo da Força Aérea para retirar portugueses. Mas as estudantes dizem que apenas receberam um e-mail a dizer que estava a ser organizado, mas não sabem ainda qualquer informação.

"Estamos num dos sítios mais seguros, numa zona mais internacional, mas mesmo assim só queremos ir embora", apela.

Em Portugal, a mãe de Maria Rita, Magda Figueiredo, também falou com o SAPO24 e adiantou que nunca conseguiram contactar com a embaixada portuguesa.

"Estamos a esperar por informações que vão chegar num e-mail, diz-nos o gabinete consular", refere.

Sobre a situação no local, contou que "quase todos os miúdos na escola da minha filha já saíram de todas as nacionalidades. Elas estão bastante seguras dentro do Campus, que tem muitos bunkers que conseguem aceder rapidamente. O pior vai ser quando tiverem de sair para apanhar o avião".

Diz também que já tentaram marcar outros voos, têm, aliás, um voo marcado para o Dubai amanhã, que pode, no entanto, ser cancelado. "O ideal era Portugal ajudar, mas está difícil", desabafa.

"A situação é muito assustadora", refere. "A minha filha não sai do Campus, não pode sair agora, mas o que sabe é o que vai vendo nas redes sociais e não vê pouco, porque o colégio tem muitos palestinianos e israelitas e existem muitas trocas de comentários entre eles", sublinha.

Dizem que quarta-feira já tinha caído uma bomba, mas "nunca imaginaram que situação pudesse escalar desta forma e a minha filha nunca se sentiu insegura, só hoje é que pediu para voltar e percebeu a dimensão da coisa".

Importa recordar que na sequência do ataque lançado sábado contra Israel pelo grupo islâmico Hamas a partir da Faixa de Gaza, estão sinalizados cerca de 100 cidadãos portugueses, entre turistas e residentes, que contactaram o Gabinete de Emergência Consular apenas para assinalarem a sua presença no território, ou para solicitarem apoio na identificação de alternativas para a saída do país, as quais continuam a ser partilhadas, segundo informações do Governo.

O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que batizou como “Espadas de Ferro”.

O conflito armado já causou centenas de mortos de ambos os lados e milhares de feridos.