“Quando se detém uma pessoa, à partida, aquilo que se quer ouvir dessa pessoa é relevante, a matéria é relevante, não há dúvidas, mas é um ato necessário (…), a constituição de arguido é necessária, é imposta pela lei”, disse Raposo Subtil em declarações à agência Lusa.
O advogado admitiu que não existam dados novos no processo em relação à primeira fase, mas que a investigação tente saber se os acontecimentos ocorridos em 15 de maio envolvem mais pessoas, que estiveram, ou não, na Academia.
“Esta fase do processo não tem nenhuma novidade relativamente à primeira fase. O que se sabe é que houve uma agressão, houve uma invasão, houve determinados ilícitos e agora o que se está à procura é quem foram os sujeitos, se foram todos os que estão detidos, se há mais que não foram detidos e qual a participação de outras pessoas que, não tendo estado no local, porventura, de autoria moral, fomentaram, encobriram ou criaram condições para que tal prática tivesse ocorrido”, sustentou.
A detenção no domingo de Bruno de Carvalho, presidente do Sporting à altura dos factos, que deverá ser ouvido na terça-feira no Tribunal do Barreiro, pode ter ocorrido por diversas razões.
“Pode ter sido detido para prestar esclarecimentos sobre algum passo que esteja no processo que seja novo, sobre alguma declaração de algum dos arguidos, sobre identificação de um documento que possa estar no processo e seja preciso chamar alguém para depor”, admitiu o advogado.
Em 11 de outubro, Bruno de Carvalho apresentou-se no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, referindo estar disponível para prestar declarações, mas não conseguiu ser ouvido e, no domingo, acabou por ser detido.
“Como houve uma busca à residência, quando vão à sua casa recolher elementos de prova é normal que seja detido para ser ouvido se estiver relacionado com os factos”, explicou Raposo Subtil.
O advogado entende ainda que um cenário que demonstre alguma ligação de Bruno de Carvalho aos acontecimentos em Alcochete, em que ‘staff’ e jogadores do Sporting foram agredidos por adeptos, pode provocar “graves danos” ao clube.
“Financeiramente pode constituir um grave dano no Sporting, se se vier a demonstrar que há uma relação entre a participação que hoje conhecemos e a figura do presidente de então do Sporting”, acrescentou.
No seguimento do ataque, nove jogadores do Sporting rescindiram unilateralmente os contratos, e quatro deles, Daniel Podence, Gelson Martins, Ruben Ribeiro e Rafael Leão, mantêm-se em litígio com o clube.
Dos incidentes resultaram até ao momento 38 pessoas em prisão preventiva, muitos dos quais presentes no ataque em Alcochete, e no domingo foram detidos Bruno de Carvalho e Nuno Mendes, conhecido por Mustafá, um dos líderes da claque Juventude Leonina.
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