O presumível “cérebro” do grupo, um cidadão ucraniano identificado como Denis K., foi detido em Alicante (sudeste de Espanha), indicou o Ministério do Interior espanhol, num comunicado, citado pelas agências internacionais.

“Foi o cérebro de um grupo de ‘hackers’ (piratas informáticos) que assumiu o controlo dos sistemas de entidades bancárias, o que lhes permitiu esvaziar máquinas de multibanco à distância ou modificar contas destinatárias de transferências de grandes quantias”, precisou o ministério.

No total, “mais de 100 instituições financeiras em 40 países” foram visadas pelas ações desta rede organizada de cibercrime que usava programas maliciosos (também designados como ‘Malware’ ou ‘software’ malicioso) para atingir os sistemas informáticos das entidades atingidas, esclareceu o Serviço Europeu de Polícia (Europol).

A Europol estima que “os prejuízos acumulados ultrapassem os mil milhões de euros para o setor financeiro”.

No caso concreto das caixas multibanco, os ‘hackers’ conseguiam programar remotamente os sistemas para que o dinheiro saísse num período específico.

O grupo contava com a colaboração de vários cúmplices que aguardavam junto das caixas multibanco para retirar o dinheiro na altura programada, explicou ainda a Europol.

Com três colaboradores russos ou ucranianos, o alegado “cérebro” deste esquema “teve acesso praticamente a todos os bancos da Rússia” e conseguiu retirar dinheiro de cerca de 50 instituições bancárias russas, segundo acrescentaram as autoridades espanholas.

Entidades financeiras da Bielorrússia, Azerbaijão, Cazaquistão, Ucrânia e de Taiwan também foram alvo das ações deste grupo.

Em Espanha, a rede atacou no primeiro trimestre de 2017 várias caixas multibanco no centro de Madrid, efetuando levantamentos fraudulentos na ordem dos 500 mil euros.

A investigação sobre este grupo que operava há mais de cinco anos foi particularmente complexa e envolveu várias entidades: a polícia espanhola, a Europol, a polícia federal norte-americana (FBI), as autoridades da Roménia, Bielorrússia e de Taiwan, bem como empresas privadas de cibersegurança.

“É a primeira vez que a Federação bancária europeia (FBE) cooperou ativamente com a Europol numa investigação específica”, declarou o diretor-geral da FBE, Wim Mijs, citado no comunicado do Serviço Europeu de Polícia, destacando “a cooperação público-privada para lutar eficazmente contra a cibercriminalidade transfronteiriça”.