"Nas últimas semanas, vimos um aumento dramático na procura por galinhas, com pessoas a querer comprá-las porque os preços dos ovos subiram ou simplesmente não há ovos disponíveis. As nossas vendas de aves dobraram ou até triplicaram", diz John Berry, de 43 anos, gerente da Wabash, que também vende alimento para estas aves.

O recente ressurgimento da gripe aviária, que atingiu os Estados Unidos pela primeira vez em 2022, afeta e as grandes quintas avícolas.

Mais de 21 milhões de galinhas poedeiras foram mortas este ano devido à doença, de acordo com dados divulgados pelo Departamento da Agricultura dos EUA. Em dezembro, 13,2 milhões sofreram o mesmo destino.

Tudo isso fez com que o preço dos ovos subisse e com que também desaparecessem de alguns supermercados, preocupando os consumidores.

Os ovos 'premium' atingiram um preço de mais de 10 dólares a dúzia e as versões básicas chegaram aos seis dólares em alguns supermercados, mais do que o dobro do preço normal.

Em Seattle, um restaurante foi assaltado durante a madrugada na semana passada — e mais de 500 ovos foram roubados do seu depósito.

Fica "mais barato" ter galinhas

Berry explica que a maioria dos seus novos clientes está apenas a começar a criação. É o caso de Arturo Becerra, que recentemente comprou 10 galinhas, pelas quais pagou 400 dólares, mais 20 dólares em alimento para um mês.

Na segunda-feira passada, comprou mais animais. "Vou comprar mais cinco, mas quero comprar mais 10 porque a família é grande", diz. Todas as que tem ainda são jovens e devem começar a pôr ovos em algumas semanas.

Em várias cidades do Texas, a criação de aves no quintal é permitida, desde que as normas de saúde sejam cumpridas.

"Agora tenho espaço para colocá-las e, como os ovos subiram muito, estão muito caros. Talvez fosse mais barato comprar galinhas e criá-las", diz o homem de 57 anos de origem mexicana, que mora em Houston.

"Acho que com um ovo por galinha por dia, ficarei bem", acrescenta.

Bill Underhill, um empreiteiro da construção de 62 anos e ávido criador de galinhas, também foi às compras para adquirir mais duas.

"Ouvi alguém dizer que os ovos custavam cerca de 10 dólares a dúzia, então já estava a pensar em comprar mais algumas galinhas. Compro algumas a cada dois meses porque algumas eventualmente morrem e param de pôr ovos, então vou manter o fluxo de ovos na minha família", afirma.

Dois ou três meses para tudo melhorar

Nos Estados Unidos, o vírus está a ser encontrado não apenas em aves, mas também em vacas leiteiras.

Desde o início do ano passado e até 10 de fevereiro de 2025, 68 casos humanos também foram detetados, um deles fatal. A maioria está ligada ao contacto com animais infetados, de acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).

O homem que morreu foi infetado "após exposição a uma combinação de aves selvagens e um bando de aves não comerciais", disseram autoridades de saúde.

O CDC diz que o risco de gripe aviária para o público em geral continua "baixo", mas emitiu diretrizes de segurança para proprietários de aves. De acordo com o Centro, "pessoas com exposição ocupacional ou recreativa a aves ou outros animais infetados com este vírus correm maior risco de infeção".

Berry diz que, uma vez que as galinhas infetadas são mortas, não há animais de substituição imediatos porque ninguém tem milhões de galinhas extra para substituí-las.

"Há uma geração de pintainhos a crescer para substituir as que perdemos. Mas, como em qualquer época de escassez, a procura aumenta (...) Os ovos duram muito tempo e, se puder encontrá-los, compra mais, mas o seu vizinho também pode", diz Berry.

"Parece que levará dois ou três meses para que as coisas melhorem", acrescenta.

*Por Moisés Ávila / AFP