Segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP), os manifestantes dançavam e cantavam nas ruas, alguns agitavam bandeiras libanesas e gritavam: “O povo quer derrubar o regime”.

Estes protestos espontâneos, em massa, que acontecem pelo quarto dia consecutivo e devem prosseguir na segunda-feira, são as maiores manifestações do Líbano em cinco anos, e estenderam-se além de Beirute. Os manifestantes quiseram demonstrar a “raiva crescente contra uma classe dominante que dividiu o poder entre si e acumulou riquezas durante décadas, mas pouco fez para regenerar uma economia em ruínas e deixou as infraestruturas degradadas”.

Para segunda-feira, a Associação de Bancos Libaneses anunciou hoje o encerramento de todas as agências bancárias, com o objetivo de “garantir a segurança dos funcionários”, durante as manifestações de protesto, previstas.

Os distúrbios surgiram após o Governo propor novos impostos, como parte de medidas de austeridade, para fazer face a uma crescente crise económica.

Os protestos trouxeram para as ruas pessoas de todas as idades, e de diferentes linhas políticas e orientações religiosas, que caracterizam o país, destaca a reportagem da AP

“As pessoas não aguentam mais”, avsiou Nader Fares, um manifestante no centro de Beirute, acrescentando que está desempregado. “Não há boas escolas, eletricidade e água”, alertou.

Os políticos estão agora numa corrida contra o tempo para apresentar um plano de resgate económico, na esperança de virem a acalmar a população.

Na noite de sábado, o líder cristão libanês Samir Geagea abandonou o governo de coligação, com a renúncia de quatro dos seus ministros.

Geagea, que chefia o Partido das Forças Libanesas, de direita, afirmou que já não acredita que o atual Governo de unidade nacional, liderado pelo primeiro-ministro Saad Hariri, consiga retirar o país da profunda crise económica.

“Estamos agora convencidos de que o governo é incapaz de assumir as medidas necessárias para salvar a situação. Em consequência, o nosso bloco decidiu pedir aos seus ministros para se demitirem”, declarou.

O anúncio de Geagea foi acolhido com regozijo pelos manifestantes em Beirute, que apelaram a outros países para abandonarem o governo.

Na noite de sexta-feira, o primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, tinha dado aos seus parceiros da coligação governamental um ultimato de 72 horas, para apoiarem as reformas económicas em curso.

Um dia depois, Hariri disse que iria reunir-se com os ministros para “alcançar o que serve os libaneses”.

O país atravessa uma crise económica sem precedentes, quando a dívida do país ascende a mais de 86 mil milhões de dólares (77 mil milhões de euros), 150% do Produto Interno Bruto (PIB).

O detonador destes protestos foi a decisão do Governo de impor novos impostos, no quadro do seu programa de austeridade, taxando, por exemplo, as chamadas e mensagens através da aplicação Whatsapp. Casos de corrupção e de má gestão governamental intensificaram os protestos.

A Associação de Bancos Libaneses anunciou hoje, por seu lado, que a banca estará encerrada na segunda-feira, para “garantir a segurança dos funcionários”, durante as manifestações de protesto, previstas.