Pedro Pires, que preside à Fundação Amílcar Cabral, falava durante a sessão solene que assinala o Dia dos Heróis Nacionais, 46 anos após a morte do fundador da nacionalidade cabo-verdiana Amílcar Cabral, que este ano decorreu na ilha do Sal.

“A nossa independência trouxe solução ou parte da solução para esses tempos fatídicos. Certamente não conseguimos resolver tudo e temos ainda por fazer, sobretudo eliminar as bolsas de pobreza que há no país”, disse Pedro Pires, citado pela agência de notícias cabo-verdiana (Inforpress).

O antigo chefe de Estado sublinhou igualmente o papel de Amílcar Cabral: “Não nos afirmámos imitando os outros. Nós somos o que somos. Aí a grande lição de Amílcar Cabral”, disse.

Para Pedro Pires, a data de hoje convida à lembrança dessa figura “ilustre” da história de Cabo Verde, que classificou de “um homem extraordinário”.

Na cidade da Praia, ao depositar uma coroa de flores na estátua de Amílcar Cabral, o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, defendeu a necessidade desta data ser renovada com novas ideias adequadas aos momentos históricos.

“Naturalmente que, com o tempo, é necessário sempre encontrar formas renováveis mais apropriadas e adequadas de assinalar os grandes momentos da história do país que, para além dos rituais e dos atos simbólicos que existem em todo o lado, possam fazer coisas diferentes”, disse, citado pela Inforpress.

Na mesma cerimónia, o presidente da Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria (ACOLP), Carlos Reis, considerou que a efeméride deve servir de reflexão e valorização da história da luta da independência de Cabo Verde, um sonho que “foi concretizado por Amílcar Cabral e as figuras da sua geração que acreditaram na ideia de um Cabo Verde melhor”.

De acordo com a agência de notícias cabo-verdiana, Carlos Reis defendeu a necessidade da transmissão de valores e de uma educação voltada para o amor, com vista à construção de um Cabo Verde que sirva de orgulho para todos.

O Dia dos Heróis Nacionais ficou ainda marcado pelo anúncio do presidente em exercício da Câmara Municipal de Santa Catarina, Jacinto Landim Horta, de construir um Museu de Resistência no município que valorize a história de Cabo Verde e de Santa Catarina, em particular, pois foi aí que Amílcar Cabral viveu grande parte da sua infância.

O projeto, que vai contar com o apoio do Governo e da câmara municipal para a aquisição do património (casa onde viveu Amílcar Cabral), dará a conhecer aos mais jovens aquilo que é de facto a história do país, disse o autarca.