A ex-Presidente do Brasil vem a Portugal a convite do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, da Fundação José Saramago e da Casa do Brasil de Lisboa.
Dilma Rousseff inaugura o Ciclo de Conferências do Trindade com uma conferência intitulada «Neoliberalismo, desigualdade, democracia sob ataque».
A ex-presidente brasileira, destituída em 31 de agosto 2016, perante acusação de cometer crime de responsabilidade no exercício do cargo tem, nos últimos meses, viajado pelo mundo para denunciar o que chama de “assalto à democracia”.
A conferência acontece dia 15 de março, às 18h30, no Teatro da Trindade, em Lisboa.
Segundo a informação disponível no site da Fundação José Saramago, a entrada na sessão é livre e está sujeita à lotação da sala.
Esta é a primeira visita de Dilma Rousseff a Portugal depois da sua destituição do cargo de Presidente do Brasil, lugar que ocupou entre janeiro de 2011 e agosto de 2016.
Ao longo dos seus 69 anos de vida, Dilma Rousseff foi uma acesa opositora da ditadura militar brasileira. Combateu na guerrilha, viveu na clandestinidade, foi presa e torturada em 1970 e tornou-se um dos símbolos da resistência, a par do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, líder histórico do Partido dos Trabalhadores (PT) e seu antecessor como chefe de Estado.
Durante a Presidência de Lula da Silva, ganhou projeção ao ser nomeada ministra da Casa Civil. Em 2009, foi escolhida para a liderança do PT, apresentando-se como candidata a Presidente no ano seguinte.
Com a crise económica a bater à porta do Brasil, Dilma Rousseff conseguiu ser reeleita em 2014, com 52% dos votos, mas os resultados não foram suficientes para pacificar o país.
Ao contrário do que aconteceu no passado, desta vez os seus grandes adversários não foram os militares, mas a insatisfação da população que passou a mobilizar-se em protestos contra o Governo.
Para os brasileiros, Dilma Rousseff passou a ser a responsável pela crise económica que levou o Produto Interno Bruto (PIB) do país a uma queda de 3,8% em 2015 e gerou uma subida da inflação e do desemprego.
A isso somaram-se as investigações dos escândalos de corrupção na petrolífera estatal Petrobras, que envolveram o seu padrinho político, Lula da Silva, além de outros nomes históricos do PT.
A tempestade política agravou-se depois de parte dos partidos que suportavam o governo terem mudado de posição, viabilizando o processo de destituição, conhecido no Brasil como 'impeachment'.
No processo de destituição, que durou nove meses, Dilma Rousseff acabou condenada por ter cometido crime de responsabilidade ao realizar manobras fiscais ilegais e aprovar despesas extraordinárias sem autorização do Congresso.
Na sequência do "impeachment", Michel Temer tornou-se presidente do Brasil.
[Notícia atualizada às 14h14]
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