De acordo com fonte oficial da direção, essa estratégia passa por “manter os mesmos nomes” de há dois anos, e que apoiaram Paulo Rangel nas últimas diretas, e até “por excluir” os de apoiantes do presidente do PSD, Rui Rio, que foi reeleito no sábado com 52,4% dos votos.
Como exemplo mais flagrante, a mesma fonte aponta o caso da distrital do Porto que, apesar de só ter a sua reunião com a CPN no sábado, já enviou a lista, mantendo os nomes dos deputados e presidente da distrital, Alberto Machado, e do ex-líder da concelhia de Gaia Cancela Moura, que apoiaram abertamente Paulo Rangel nas diretas realizadas no sábado.
Da lista do Porto, acrescenta-se, não fazem sequer parte nomes de atuais deputados e que integram ou apoiaram a atual direção, como os do secretário-geral Hugo Carneiro ou da deputada e ‘vice’ da bancada Catarina Rocha Ferreira.
No caso da distrital de Lisboa, aponta a mesma fonte, não é proposto o nome de Ricardo Baptista Leite – que há dois anos constava das indicações do PSD/Lisboa -, repetem-se nomes de deputados apoiantes de Paulo Rangel como Carlos Silva ou Sandra Pereira, e apresenta-se o de Rodrigo Gonçalves, que se afastou de Rui Rio, de quem foi apoiante na primeira eleição em 2018, tendo depois apoiado Luís Montenegro em 2020.
A direção estranha ainda que se proponham nomes como o dos presidentes das distritais de Faro, Cristóvão Norte, de Setúbal, Paulo Ribeiro, ou de Viseu, Pedro Alves, todos apoiantes declarados de Paulo Rangel.
“O que é comum às listas já apresentadas é uma estratégia de afrontamento, apresentando-se nos primeiros lugares apoiantes de Paulo Rangel e até se excluindo os apoiantes do presidente Rui Rio”, aponta-se.
A mesma fonte salienta que, em entrevistas recentes depois de vencer as diretas, Rui Rio já referiu que “a competência e a lealdade” seriam critérios para a elaboração das listas”.
“Não vai haver nenhuma limpeza étnica, mas há pessoas que não são integráveis. Claramente disseram que não se reviam na estratégia, porque querem entrar agora?”, questiona a mesma fonte.
No entanto, só na reunião da Comissão Política Nacional haverá decisões públicas da direção sobre as propostas das distritais, e esta só se realizará na terça-feira, pouco antes do Conselho Nacional marcado para Évora, pelas 21:00, e no qual se votarão as listas.
Há dois anos, houve casos de distritais que se reuniram por mais do que uma vez com a direção, um cenário que dificilmente se repetirá devido ao calendário apertado.
O Conselho Nacional está marcado para a próxima terça-feira, com uma segunda data para dia 10 (caso a lista de deputados proposta pela direção ‘chumbe’ na primeira tentativa), com o objetivo de as listas serem entregues nos vários tribunais em 15 de dezembro.
O prazo limite para a entrega da lista de deputados para as legislativas de 30 de janeiro termina em 20 de dezembro, um dia depois de terminar o Congresso do partido, que se realiza entre 17 e 19 em Lisboa.
De acordo com os estatutos do PSD, compete às comissões políticas distritais “propor à Comissão Política Nacional candidaturas à Assembleia da República, ouvidas as Assembleias Distritais e as Secções”.
À CPN, compete “aprovar os critérios para a elaboração das listas de deputados à Assembleia da República, nos termos do regulamento”, e ao Conselho Nacional aprovar as listas.
Além de um cronograma, a CPN aprovou também em meados de novembro esses critérios, em que atribui ao “presidente eleito” a responsabilidade de indicar os cabeças de lista em cada círculo eleitoral, num texto elaborado antes das diretas disputadas no sábado entre Rui Rio e Paulo Rangel.
Repetem-se praticamente todos os critérios aprovados para a elaboração das listas de 2019, incluindo a “concordância com a orientação estratégica da Comissão Política Nacional e disponibilidade para cooperar de forma politicamente leal e solidária”.
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