A renúncia, avançada à Lusa por Joaquim Cardoso, presidente demissionário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lourosa, surge na sequência do conflito que se arrasta no quartel desde meados de março, quando os bombeiros não-profissionais da corporação se incompatibilizaram com a direção por não reconduzir elementos do comando e a acusaram de má gestão.
Depois da divulgação de várias críticas à direção por alegada má conduta, 52 bombeiros em regime de voluntariado suspenderam a sua atividade em protesto contra a equipa e elementos externos à corporação protagonizaram uma manifestação pública exigindo novos dirigentes.
Hoje, a equipa de Joaquim Cardoso informa que decidiu apresentar a demissão em bloco “após ponderada reflexão face aos tristes e muito lamentáveis acontecimentos vividos ao longo destes dias”.
O documento remetido à Lusa afirma que "a direção chegou à conclusão de não valer a pena continuar a trabalhar com gente ingrata e insensata que não se importou de conspurcar na praça pública o bom nome da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lourosa e de todos aqueles que, ao longo dos anos, a serviram, depois de democraticamente eleitos pelos sócios".
Reconhecendo que na corporação continua a haver "pessoas de caráter, com princípios e valores, que não se deixaram manipular apesar das ameaças", a mesma direção diz que se afasta "com o sentido do dever cumprido e com muita obra feita".
A equipa demissionária admite, contudo, "muita mágoa" por não ter podido concretizar os projetos a que se propusera, entre os quais destaca a reformulação do quartel, que previa o arranjo da cobertura e a requalificação de várias valências do edifício, num processo "há muito iniciado, cuja aprovação agora chegava a bom termo e que iria trazer mais qualidade de vida a todo o corpo de bombeiros, pese embora os obstáculos que foram surgindo" ao caminho.
Como nota de despedida, a direção demissionária agradece "a todos os associados que ao longo dos anos lhe manifestaram o seu apoio e confiança na condução dos destinos" da associação humanitária e deixa o aviso: "Estejam atentos".
Contactado pela Lusa, o porta-voz dos 52 operacionais que suspenderam a sua atividade na corporação, Amaro Fontes, declara que a renúncia da equipa de Joaquim Cardoso "é uma boa notícia", mas realça que esse grupo de bombeiros só retomará a atividade no quartel quando o presidente da assembleia-geral de sócios nomear a comissão administrativa que assumirá a liderança temporária da casa até ser eleita a nova direção.
"É que ainda vai demorar algum tempo até se poder marcar as eleições e não queremos na comissão de gestão a mesma equipa que cá esteve até agora", explica.
Olímpio Sousa, presidente demissionário da mesa da assembleia-geral, diz que ainda não decidiu quem integrará a referida comissão de gestão e remete para mais tarde essa decisão, mas garante: "Mesmo sem esses 52 bombeiros, o socorro à população está assegurado".
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