Em comunicado, a que a agência Lusa teve acesso, a direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sousel (AHBVS) disse ter tido “conhecimento de factos” que qualifica como “graves e inaceitáveis” relacionados com o comandante do corpo operacional, José Fernandes.

E, por isso, a direção “deu deles conhecimento ao Ministério Público do Tribunal de Fronteira para investigação”, pode ler-se no mesmo comunicado da AHBVS.

Por considerar que “o vínculo de confiança” com o comandante José Fernandes “deixou de existir”, a direção revelou que “deliberou a sua destituição de funções nos termos estatutários”.

Para o desempenho das funções de José Fernandes foi nomeado interinamente o 2.º comandante da corporação, segundo a direção da associação humanitária dos bombeiros.

O comandante José Fernandes disse hoje à Lusa, ao final da manhã, que o socorro à população está “comprometido” pelos bombeiros locais, já que “a maioria” dos voluntários entregou os capacetes, embora deva ser assegurado por outras corporações vizinhas.

De acordo com José Fernandes, “a maioria” dos bombeiros voluntários entregou os capacetes após uma reunião, na quarta-feira, com o presidente da câmara, para exigir a demissão do presidente da direção da AHBVS, Mariano Velez Maluco.

“O senhor presidente não se demitiu e o corpo de bombeiros, a maioria do voluntariado entregou os capacetes e passou para o quadro de reserva”, ou seja, não efetua serviço operacional, disse.

O socorro à população do concelho por parte da corporação "está comprometido" no período das 19:00 às 07:00, porque “não há ninguém” disponível por parte dos voluntários nesse horário, alegou, insistindo: “Mas o socorro é subsidiário, não há aqui, tem de vir [bombeiros] de outro lado”.

O principal visado pelas críticas dos bombeiros é “o presidente da direção” da AHBVS, acusado por José Fernandes de “desrespeito pelo corpo, prepotência e por querer interferir sempre na parte operacional”.

A Lusa tentou hoje contactar por telefone o presidente da AHBVS, mas este não atendeu.

No comunicado hoje divulgado, a direção da AHBVS afirmou que a reunião de quarta-feira foi “inclusiva” e considerou que “houve bombeiros do corpo ativo que irrefletida e injustificadamente fizeram entrega dos capacetes”.

“A direção da AHBVS repudiando a conduta irresponsável destes bombeiros, já que coloca em causa o apoio à população de todo o concelho, informa que tudo tem feito a continuará a fazer para que o corpo ativo continue a proteger as pessoas e a prestar o socorro a quem dele necessita”, pode ler-se no comunicado.

A concluir, a direção alertou que “não será conivente” com atos de “índole duvidosa ou teimosias infundadas” e reiterou que se encontra “legitimamente” no exercício de um mandato para o qual foi eleita.

Contactado pela Lusa, na sequência desta tomada de posição da direção da AHBVS, José Fernandes explicou que “só há duas formas” para que um comandante termine funções, sendo uma o fim da comissão de serviço e a outra através de um processo disciplinar.

“Até esta altura não há nada [processo disciplinar]”, disse, acrescentando que aguarda “serenamente e sem problemas nenhuns”, o desenrolar deste processo.