Analisando o impacto do calor e da mortalidade nos dias 5, 6 e 7 de agosto, altura em que foi registada uma onda de calor que afetou todo o país, a diretora-geral da Saúde salienta: “Temos de ser cautelosos a analisar os dados e o impacto da mortalidade e cautelosos a comparar-nos com outros países que utilizam metodologias diferentes".
As afirmações foram feitas no âmbito do balanço da resposta operacional e das medidas adotadas pelas várias entidades na sequência do calor extremo registado nos últimos dias, que decorreu na Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Lisboa.
Graça Freitas adiantou que houve uma variação diária "no conjunto de mais de 500 óbitos registados" mas alerta que está análise é "muito bruta, o que quer dizer que temos de analisar as quinzenas por corredores de probabilidades de ocorrência de morte”, disse, explicando que é preciso estudar as mortes esperadas numa determinada quinzena e aquelas que de facto se observam. Isto devido aos picos que existem. “Obviamente que nas semanas seguintes [a uma onda de calor] a mortalidade desce”, disse, explicando que, em Portugal, se contabiliza “o impacto na mortalidade geral por todas as causas".
Graça Freitas disse que foi a partir de sábado, dia 4 de agosto, que se começou a notar um impacto maior na procura dos cuidados de saúde pelos portugueses.
"O centro de contacto SNS 24 tem tido um aumento moderado, que, neste momento, é de cerca de mais de mil chamadas por dia”, e o INEM teve “um aumento moderado, que depois passou a mais intenso, [atingindo] mais 5.000 contactos do que é habitual”, avançou a diretora-geral da Saúde.
Segundo a responsável, o serviço de urgência apresentou no domingo, segunda e terça-feira mais sete mil episódios do que o habitual. No entanto, refere, "não houve um aumento dos internamentos" o que quer dizer que muitos dos utentes "terão sido tratados e hidratados sem necessidade de internamento".
Já nos centros de saúde a procura está de acordo com a época, sublinhou Graça Freitas, onde estiveram elementos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), da ANPC e o primeiro-ministro, António Costa.
No século XXI houve três fenómenos de temperaturas extremas adversas: em 2003, 2013 e 2018, disse a diretora-geral da Saúde, explicando que devido às variações nas datas em que acontecem nem sempre se pode comparar o período homólogo do calendário, uma vez que as temperaturas não respeitam sempre o calendário. Nesse sentido, recorre-se "a um método de fazer médias, a partir de maio, da mortalidade diária e esse é o nosso primeiro indicador, quantas pessoas estão a morrer em relação a cada um dos dias”, refere Graça Freitas.
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