"Não houve, desde o anúncio da greve, qualquer contacto com qualquer trabalhador. A DGAV respeita integralmente o direito dos trabalhadores ao exercício de greve. Consideramos que esse é um direito inalienável e jamais faríamos qualquer tipo de contacto que pudesse configurar em pressão", disse, à agência Lusa, o diretor-geral da DGAV, Fernando Bernardo.

O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN), Orlando Gonçalves, disse esta manhã que a DGAV ameaçou e pressionou os trabalhadores para não fazerem greve.

A paralisação de trabalhadores da DGAV marcada para esta semana tem como objetivo a criação de carreira especial de inspetor sanitário e acabar com as contratações a recibos verdes, com o dirigente a alertar ainda para os "abates clandestinos" e a "falta de carne nos talhos e mercados" que se poderão verificar esta semana.

Em declarações aos jornalistas, durante a concentração de trabalhadores à porta da DGAV, em Matosinhos, o sindicalista afirmou que houve "pressões ao longo deste fim de semana e já hoje de manhã por parte dos matadouros", assim como um email enviado pela DGAV aos trabalhadores, na sexta-feira, ameaçando-os.

Mas, esta tarde, o diretor-geral disse ter dado "instruções específicas para não se efetuar qualquer contacto que tivesse qualquer referência à greve": "Isso é completamente falso. Pode ser que estejam a referir-se a outro tipo de pressões que, se existiram, nós desconhecemos", referiu.

Fernando Bernardo explicou à Lusa que o Colégio Arbitral ligado ao Ministério das Finanças, entidade que gere questões laborais, indicou como necessário que fosse garantido pelo menos um inspetor veterinário e um auxiliar de inspeção para cada um dos estabelecimentos de abate.

"E, nesse sentido, foi feita uma escala para cada um dos estabelecimentos de abate e foi publicitado nas nossas divisões de serviço. Não fomos nós que deliberamos isso, foi o Colégio Arbitral", referiu o responsável.

Quanto às reivindicações que levaram ao aviso de greve, Fernando Bernardo apontou que "existe um grupo de trabalho que está a elaborar um documento sobre a questão da carreira especial" e que este "entrará em discussão, consultando os parceiros, organizações profissionais, não só os sindicatos, mas também a ordem do setor".

Quanto ao processo de municipalização referido pelo sindicato, o diretor-geral afirmou que "não há nenhuma municipalização de serviços".

"Para resolver alguns problemas em momento oportuno, houve pedidos de colaboração com câmaras para contratar médicos veterinários, mas são profissionais com experiência e se destinam a colmatar necessidades especiais e concretas", descreveu.

Segundo Fernando Bernardo estiveram hoje em atividade 113 matadouros, enquanto nove estiveram fechados, o que corresponde a 19,5% de adesão à greve com 43 trabalhadores parados num universo de 220.

"Não há qualquer risco das carnes frescas produzidas em Portugal constituírem risco para a saúde humana", concluiu.

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