“É previsível que esta semana ainda não tenhamos a descida de que estamos à espera e iremos manter um excesso de mortalidade nos 65 mais e também nos 45-64 anos”, reconhece Rita Sá Machado. A admissão da Diretora-geral da Saúde decorreu na entrevista conjunta ao jornal Público e Rádio Renascença no âmbito do programa “Hora da Verdade”.

De acordo com a diretora-geral da Saúde, a atual situação explica-se em parte dado o "contexto das infeções respiratórias víricas em Portugal", já que "ainda estarmos numa altura de grande actividade epidémica". "Ainda temos um grande número de infecções respiratórias víricas e, por isso, ainda estamos numa altura que nos traz preocupação do ponto de vista de saúde", afirma.

O excesso de mortalidade pode também ter sido causado pela quebra da cobertura vacinal nas pessoas com mais de 60 anos em 3% em relação ao ano passado. No entanto, esse foi também o ano onde houve "o maior número de sempre de vacinas da gripe inoculadas".

Para contrariar esta tendência, Rita Sá Machado reforça o apelo à população que se vacine contra a gripe sazonal e a Covid-19. "Não é importante só preparar os serviços para a vacinação, é também importante esta consciencialização de que a população tem de fazer a vacinação. Tal como acontecia nos tempos de pandemia e antes disso e agora ainda mais", afirma.

Além disso, a Direção-Geral da Saúde está a avaliar a possibilidade de fazer uso de uma vacina para os adultos contra o vírus sincicial respiratório, algo que tem provocado o internamento de idosos e crianças. "Estamos a fazer o estudo daquilo que é uma imunização relativamente ao vírus sincicial respiratório. Temos de olhar desde as crianças até ao idoso, passando por todo o ciclo de vida. Não podemos implementar uma medida sem termos a certeza que estamos a fazer aquilo que é o melhor enquanto sociedade, aquilo que é rigoroso, fiável e exequível do ponto de vista de serviços de saúde. Estamos a aguardar um estudo de custo-efectividade do Infarmed e depois a Comissão Técnica de Vacinação irá dar o seu o seu parecer final para consideração e depois então será tomada uma decisão", garante.

Ao seu trabalho à frente da DGS e as promessas de modernizar o SNS, Rita Sá Machado diz já ter começado a operar "alterações na organização do sistema de saúde" desde que tomou posse. "Isso vai ter um impacto na forma como implementamos os programas de saúde que temos e que são a grande força motriz da saúde pública. A saúde pública de âmbito local está sediada nas Unidades Locais de Saúde e também está a sofrer a sua reorganização", afirma.

No entanto, é preciso mais. "A DGS olha para todo o sistema de saúde, mas os nossos braços são fundamentalmente a saúde pública. E essa saúde pública não se faz sem reforço, quer ao nível nacional quer ao nível da local. Aquilo que propomos fazer, em termos da reestruturação do nosso trabalho a nível da preparação e resposta a emergências na saúde, só se faz se também for feito este reforço", avisa.