A pouco mais de um mês do final do 1.º período, continuam a faltar professores em algumas escolas e apesar de o problema ter vindo a marcar o início de sucessivos anos letivos, para os representantes dos diretores escolares é cada vez mais grave.
“Está a ser um ano preocupante em relação à falta de professores no sistema educativo nacional, agravado pela existência do momento que estamos a atravessar, mas mesmo não existindo a pandemia acho que este problema iria falar-se durante este ano letivo”, lamentou o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
Em declarações à Lusa, Filinto Lima explicou que o problema tende a agravar-se, ano após ano, em função do envelhecimento da classe docente e que, por isso, é necessária uma resposta urgente.
“Sabemos que nos próximos 10 anos 58% dos atuais professores que estão efetivos vão aposentar-se”, referiu, alertando que se não forem tomadas medidas para captar novos professores as escolas arriscam-se a voltar a um tempo em que os docentes tinham as habilitações mínimas.
Também o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) se manifestou preocupando com a situação instando o Governo a criar condições para tornar mais atrativa a profissão.
“Não há uma política de motivação ou de incentivo para que os jovens que vão para a universidade queiram escolher a opção Educação, isso é um grave problema. É preciso criar condições para que os jovens queiram ser professores”, defendeu Manuel Pereira.
Além destas, que permitem resolver o problema a longo prazo, o representante dos diretores escolares lembra que também é preciso criar incentivos no imediato para que os profissionais disponíveis noutras zonas do país aceitem ser colocados nas zonas de Lisboa e Algarve onde, segundo o presidente da ANDE, continuam a faltar centenas de professores.
Na semana passada, a secretária de Estado da Educação, Inês Ramires, revelou que o número de professores que não aceitaram horários aumentou este ano quase 70% em relação ao ano anterior e o ministro, Tiago Brandão Rodrigues, reconheceu que o Governo está preocupado com a situação.
Para Filinto Lima, que concorda com a necessidade de melhorar as condições da carreira docente, para motivar os professores que já estão no sistema e para atrair jovens para os cursos do ensino superior, este não deve ser visto apenas como um problema deste executivo.
“Não é um problema deste Ministério da Educação, não é. É um problema nacional e nós não devemos permitir politiquices para o resolver”, afirmou, pedindo aos partidos que se juntem para implementar as medidas estruturais necessárias.
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