“Eu assumi por inteiro as responsabilidades da câmara e o erro que a câmara cometeu e anunciei, nesse mesmo momento, a realização de uma auditoria urgente ao que se passou naquele processo em concreto e em relação aos outros”, disse Fernando Medina aos jornalistas, após a inauguração do Parque Urbano Gonçalo Ribeiro Telles, na Praça de Espanha.
A auditoria foi anunciada depois das notícias que deram conta que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) fez chegar às autoridades russas os nomes, moradas e contactos de três ativistas russos que organizaram em janeiro um protesto, em frente à embaixada russa em Lisboa, pela libertação de Alexey Navalny, opositor do Governo russo.
O presidente da Câmara de Lisboa frisou que a “avaliação urgente está neste momento em curso” e nos, “próximos dias, será apresentada e publicada de forma transparente e clara”.
Fernando Medida sustentou que a CML assumiu o problema desde o início, sublinhando que está a ser feita “uma auditoria completa sobre todas as manifestações e sobre a forma como todas as manifestações foram tratadas na CML ao longo dos últimos anos”.
Segundo o autarca, esta avaliação tem como finalidade saber se a correção de procedimentos efetuados em abril “foi suficiente ou se, pelo contrário, é preciso tomar outras medidas”.
“Eu espero que esteja concluído nos próximos dias porque entendo que a gravidade desde assunto seja tratado com grande sentido de responsabilidade e sentido de urgência”, disse.
Fernando Medida prometeu também que, nessa altura, vai responder à “campanha de ataques, de insultos e de ignomínia que tem sido feita à CML e ao presidente da CML”.
“Não ficarão sem resposta. Porque se há erros lamentáveis e que não se podem repetir, fui o primeiro a não escamotear a importância destes erros. Mas também acho absolutamente inaceitável e direi exatamente com todas as palavras o que entendo sobre a campanha de insultos”, disse, lamentando as "acusações ignóbeis" de que disse ser alvo.
“Sei muito bem quais são as minhas responsabilidades, mas também não me deixo atingir na minha dignidade por quem quer que seja e por quem tenha esse tipo de padrões morais inadequados para estar na vida política e pública”, sustentou, sem avançar a quem se referia.
Questionado sobre se ia demitir-se, Fernando Medina respondeu que a sua responsabilidade enquanto presidente da câmara e de uma grande estrutura “é assegurar que, quando há problemas, eles são resolvidos” e foi isso que foi assumido “com clareza desde o início”.
O autarca garantiu ainda que só soube do caso pela comunicação social e que a queixa enviada por e-mail por um dos ativistas russos para a CML foi recebido pelo departamento da área de proteção de dados da autarquia.
“Depois do e-mail que a CML recebeu em março, o departamento da câmara que trata desse assunto deu razão ao manifestante que estava a contestar o procedimento e, em função desse e-mail, a câmara alterou os procedimentos”, explicou, frisando que foram tomadas as medidas necessárias para que o problema não volte a ocorrer.
Fernando Medina realçou que o presidente da CML “não sabe de toda a correspondência trocada entre os munícipes e todos os departamentos do município de Lisboa”.
O caso da partilha de dados originou uma onda de críticas e pedidos de esclarecimento da Amnistia Internacional e de partidos políticos, além de Carlos Moedas, candidato do PSD à Câmara de Lisboa, ter pedido a demissão de Fernando Medina.
[Notícia atualizada às 21:32]
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