De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), do portal da Fundação Francisco Manuel dos Santos (Pordata) e dos Censos de 2021, consultados pela agência Lusa, há, no entanto, algumas exceções ao pior desempenho estatístico, por exemplo, no desemprego jovem ou no crescimento acentuado da população estrangeira naqueles territórios, que vai contrapondo a perda de residentes nacionais, mas sem a conseguir compensar na totalidade.
O número total de residentes em Figueiró dos Vinhos, o mais populoso dos três concelhos, ascendia, em 2021, às 5.281 pessoas. Dez anos antes, em 2011, esse número era de 6.169, uma quebra de cerca de 15% numa década.
Ao invés, o número de cidadãos estrangeiros que passou a residir no concelho, no mesmo período, subiu 300%, três vezes mais, passando dos 85 para os 255, ainda assim uma cifra que não conseguiu compensar o declínio do número de residentes portugueses, que reduziu em mais de mil pessoas.
Em Pedrógão Grande, o retrato é semelhante a Figueiró dos Vinhos, embora menor em números absolutos, dado o número de residentes ser também mais diminuto: 3.390 cidadãos residentes em 2021, contra 3.915 em 2011 (-525 pessoas) e um número de cidadãos estrangeiros que mais do que duplicou numa década, passando de 152 para 320.
Já em Castanheira de Pêra, o menor dos três municípios em população, o número de residentes ascende a 2.645 pessoas (menos 546 pessoas face às 3.191 existentes em 2011) e um número de cidadãos estrangeiros que cresceu dos 62 para os 88, mais 26 pessoas).
Já os números de empregados por setor de atividade estão aproximadamente em linha com o que sucede no país (onde cerca de 72% da população ativa está ligada ao setor terciário do comércio e serviços, 25% à indústria e apenas 3% ao setor primário da produção de matérias-primas e agropecuária).
No entanto, em concelhos maioritariamente agrícolas e florestais, apenas 80 pessoas estavam ligadas, em 2021, ao setor primário em Figueiró dos Vinhos (4,1% face ao número de cidadãos empregados), 58 em Pedrógão Grande e 45 em Castanheira de Pêra, sendo que estes dois municípios estão no lote de 10 concelhos do país com menos população no setor primário, numa lista liderada por Odemira (5.754).
Na taxa de desemprego registada em 2021, Castanheira de Pêra (7,6%) e Figueiró dos Vinhos (6,4%) apareciam abaixo da média nacional portuguesa, então registada, de 8,1%, e Pedrógão Grande ligeiramente acima, com 8,4%.
Onde este município se destacava com um dos melhores indicadores nacionais era no desemprego jovem (entre os 15 e os 24 anos), com uma taxa de 8,6%, metade da então média nacional de 18,7%. Figueiró dos Vinhos ficava nos 17,5% e Castanheira de Pêra era o pior dos três concelhos (com 23,1 em cada 100 jovens desempregados), mas longe dos líderes pela negativa neste indicador nacional, concelhos do Alentejo e Algarve, onde o desemprego entre os 15 e os 24 anos variava entre os 35% e os 43%.
O número de funcionários dos serviços municipais e administração local nos três municípios do norte do distrito de Leiria situava-se, em 2022, entre os 12,1% e os 13,6%, face à população total empregada.
Curiosamente, Figueiró dos Vinhos tinha, em 2022, exatamente o mesmo número de funcionários municipais (236) que possuía 13 anos antes, em 2009, variando, no entanto, no número de homens e mulheres ao serviço: naquele período os homens diminuíram de 134 para 98 e as mulheres subiram de 102 para 138.
No índice sintético de fecundidade relativo a 2022, que apresenta o número médio de filhos por mulher em idade fértil, todos os três municípios estão abaixo do valor médio nacional de 1,43.
Figueiró dos Vinhos é o que mais se aproxima (1,1), Pedrógão Grande fica-se pela unidade e Castanheira de Pêra não vai além dos 0,6, o pior registado nos 308 municípios portugueses, onde o líder é o município algarvio de Aljezur, com 2,1.
Um dos indicadores onde os três municípios registaram progressos em pouco mais de uma década foi no número de alojamentos turísticos: Pedrógão Grande passou de um para 5, Castanheira de Pêra de um para seis e Figueiró dos Vinhos, que em 2009 não dispunha de nenhuma unidade de alojamento, tinha, em 2022, um total de oito, entre as quais um hotel.
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