BE

O líder parlamentar bloquista defendeu hoje a necessidade “testar em massa”, “rastrear com recursos” e acelerar a vacinação, para que haja um desconfinamento em segurança das restrições impostas para combater a pandemia de covid-19.

“É necessário que, para lá do plano [de reabertura], a execução esteja à altura das necessidades do país. Testar em massa não pode ser apenas um objetivo que fique no papel porque, desde janeiro, o Governo diz que o quer fazer, mas ainda não o fez”, lamentou Pedro Filipe Soares, nos Passos Perdidos do parlamento.

“Rastrear com recursos suficientes não pode ficar no papel. Já há vários meses que o Governo diz que pretende ter uma capacidade de rastreio alargada, mas esse rastreio não tem acompanhado a situação”, continuou o deputado do BE.

Já na segunda-feira, reabrem creches, ensino pré-escolar e escolas do primeiro ciclo de ensino e as atividades de tempos livres (ATL) para as mesmas idades, sendo autorizado o comércio ao postigo e a reabertura de estabelecimentos de estética como os cabeleireiros.

“Temos reforçado a ideia de que a vacinação é importante que seja acelerada. Portugal, estando à frente do Conselho Europeu, pode e deve ter o papel liderante na forma como a Comissão e a União Europeia lidam com as farmacêuticas. Ninguém compreende que, havendo uma vacina, estando comprovado que tem efeitos positivos, ninguém compreende que, em nome do lucro, as patentes continuem bloqueadas”, defendeu ainda Soares.

O presidente da bancada bloquista desejou por fim um “Governo mais rápido a agir”, argumentando que “há apoios sociais e económicos que desde janeiro foram anunciados e não saíram do papel”.

PCP

O PCP discorda do plano de desconfinamento “a conta-gotas” apresentado pelo Governo, que apelidou de conservador, e afirmou hoje que deveria “ter ido mais longe”, com a reabertura total das escolas e do pequeno comércio.

As medidas do Governo, anunciadas pelo primeiro-ministro, vão “acentuar a crise económica e social, com o aumento do desemprego, o encerramento de milhares de micro, pequenas e médias empresas (MPME) e o agravamento do empobrecimento e das desigualdades”, afirmou, em conferência de imprensa, em Lisboa, Jorge Pires, da comissão política do PCP.

Questionado sobre as áreas em que o executivo poderia ter “ido mais além”, Jorge Pires deu o exemplo das escolas, que deveriam reabrir em todos os graus de ensino, com aulas à distância desde janeiro como forma de conter a epidemia de covid-19, e também no pequeno comércio.

É um plano de desconfinamento “conservador”, sintetizou.

CDS

“A opinião do CDS face a este plano de desconfinamento é que ele privilegia a velocidade à razoabilidade. O Reino Unido apresentou um plano de desconfinamento, sendo que lá a vacinação está muito mais avançada e a testagem muito mais massificada, e o calendário é muito mais espaçado para as diferentes atividades, portanto é mais cauteloso e prudente do que aquele que foi apresentado pelo Governo”, afirmou o líder centrista.

Francisco Rodrigues dos Santos falava aos jornalistas em Lisboa, depois de uma reunião com a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal.

O presidente do CDS-PP apontou três críticas ao plano de desconfinamento apresentado pelo primeiro-ministro na quinta-feira à noite, entre as quais o facto de creches, pré-escolar e escolas do primeiro ciclo reabrirem “quando ainda não está preparada e implementada no terreno uma estratégia de testagem de profissionais docentes e não docentes”.

Para Rodrigues dos Santos, este plano também é “completamente omisso face ao controlo sanitário que é preciso que exista nas fronteiras” e “deveria obedecer a critérios de prudência e gradualismo que neste momento não estão ainda verificados”.

Ao mesmo tempo, o líder centrista destacou pontos positivos, como “o facto de a estratégia de testagem abranger as escolas do setor particular e cooperativo” e a retoma da atividade de cabeleireiros e barbeiros a partir de segunda-feira e também da atividade desportiva.

Questionado se o CDS apoiará uma eventual lei de emergência sanitária, Francisco Rodrigues dos Santos considerou que “até aqui os estados de emergência foram um instrumento eficaz para adotar medidas restritivas”, pelo que o partido não veria “grande preocupação” se fosse mantida “a lógica que tem vindo a ser seguida até aqui”.

Ainda assim, “se de facto houver um consenso parlamentar, em que o CDS não se inibe de poder eventualmente vir a participar”, poderão até ser estudadas “formas mais eficazes e adequadas à realidade de uma situação pandémica como esta para dotar os governos dos instrumentos necessários” para a controlar, acrescentou, ressalvando que, no entanto, “isto é um diálogo que tem que haver de forma dinâmica e construtiva com os partidos, que ainda não foi inaugurado".

"Por isso mesmo, não estou em condições de dizer se suporto ou não suporto porque foi uma conversa que ainda não teve lugar”, disse o líder do CDS-PP.

PAN

“Consideramos positivo o facto de o nível de desconfinamento ser adequado à evolução da situação epidemiológica e ser avaliado de 15 em 15 dias, como tínhamos solicitado”, disse André Silva, nos Passos Perdidos do parlamento.

O chefe do Governo anunciou na quinta-feira o plano de desconfinamento, mas "com cautela” e “a conta-gotas", após reunião do Conselho de Ministros e já com um 13.º período de estado de emergência aprovado no parlamento, até 31 de março.

“Preocupações: relativamente à abertura das escolas – pré-escolar e 1.º ciclo – como tínhamos vindo a defender, é muito preocupante não haver uma testagem massiva daqueles que são os agentes educativos, escolares, porque isso será fundamental. Parece que o Governo não aprendeu com os erros do passado”, afirmou o deputado do PAN.

“Uma terceira e última nota: a ausência de preocupação no discurso de António Costa relativamente aos transportes públicos, inclusivamente até desvalorizou essa matéria. É fundamental que tenham oferta mais acrescida nesta fase do desconfinamento porque estamos a falar de um local de contágio”, criticou André Silva.

PEV

“Os Verdes” defenderam hoje que o Governo "tem de ser consequente" com as medidas anunciadas no plano de desconfinamento, com testes em massa, rastreios, vacinação e reforço de transportes públicos, sublinhando a importância da comunicação.

“Aquilo que ‘Os Verdes’ reafirmam é que fazer um plano não é a dificuldade, passá-lo para o papel não é a dificuldade. A dificuldade está em ser consequente com as medidas que estão neste plano e para isso nós não podemos, o Governo não pode, passar só a responsabilidade para os portugueses, para as pessoas”, declarou hoje Mariana Silva, do Partido Ecologista “Os Verdes”, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, em reação ao plano de desconfinamento já conhecido.

Para o PEV, “o Governo tem que ser consequente com estas medidas”, e “não pode haver só um ‘powerpoint’ e meia dúzia de frases, para que as pessoas compreendam o que é que está em causa”.

“Que não podemos sair todos à rua ao mesmo tempo e que temos que cumprir, continuar a cumprir, com as medidas que vão continuar a ser impostas. E por isso, há aqui a importância da comunicação, como temos vindo a dizer ao longo do tempo e esperemos que o Governo tenha essa capacidade”, sustentou.

Mariana Silva apontou ainda que o executivo terá que “fazer o que anda a prometer há já algum tempo”, nomeadamente a vacinação, a testagem massiva e os rastreios, para “não perder de vista os infetados”.

“Depois, é necessário também reforçar os transportes públicos, porque com neste desconfinamento as pessoas vão procurar os transportes públicos e não podemos voltar ao que era, por isso temos que ampliar a oferta”, alertou.

O PEV insistiu ainda no reforço dos apoios sociais, “porque o vírus não pode apanhar uma população fragilizada”, e ainda o regresso da cultura, porque os profissionais “precisam de trabalhar” e “os portugueses precisam de cultura para enfrentarem mais uns meses difíceis que teremos pela frente”.

“Quanto às escolas, há aqui a necessidade de se encontrarem todas as soluções para que as escolas abram em segurança, inclusive, cumprindo com as regras, e uma das regras é o número de pessoas por espaços fechados. Por isso, é necessário também diminuir o número de alunos por turma”, argumentou a deputada.