“Muitas [associações] têm um papel muito importante”, frisou o investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em entrevista à Lusa, no final de uma visita a Bruxelas organizada pelas representações das instituições europeias em Portugal.
“[As associações] são muito diferentes, (…) vão desde a associação folclórica, muito tradicional, até a associação dos financeiros portugueses em Londres, há de todos os tipos”, especifica o sociólogo, esclarecendo que “algumas destas associações têm impacto meramente local”, enquanto outras “têm nitidamente um impacto translocal ou até internacional”.
Atualmente, “as mais interessantes, pela novidade, são as que procuram reunir os portugueses que têm uma formação superior, em diferentes áreas” e que, através, por exemplo, das redes sociais, dinamizam ações, como estágios e bolsas, para a comunidade a que pertencem, exemplifica.
Porém, sublinha, “há uma grande dinâmica no movimento associativo, há associações portuguesas que são criadas e que morrem todos os meses”.
Daí que o número de 3.800 ainda possa diminuir, pois algumas não responderam e já não existem nas moradas indicadas. Por isso, a base de dados vai ter de ser regularmente atualizada.
O objetivo do projeto – que está a fazer este mapeamento a pedido da Fundação Calouste Gulbenkian e do Alto-Comissariado para as Migrações – é saber onde está a diáspora portuguesa, “para encontrar uma estratégia de colaboração mais aprofundada” com essas associações e fazer com que “também elas se coordenem”.
Os resultados devem ser apresentados “nas próximas semanas”, mas o projeto não acaba aqui, “é um início de várias outras coisas”, destaca Pedro Góis.
Simultaneamente, o investigador continua envolvido num projeto da Fundação Associação Empresarial de Portugal sobre emigrantes qualificados.
O programa “Empreender 2020 — Regresso de uma geração preparada”, que a Lusa noticiou em dezembro, “pretende estudar quem são e por que saíram os portugueses e o que os faria voltar e construir negócio com Portugal”, a partir de dentro ou fora do território, explica o sociólogo.
Este projeto, que está em fase de investigação, vai apresentar os primeiros resultados em outubro, acompanhados de vários cenários sobre o que é preciso mudar em Portugal para “fazer regressar alguns, estando conscientes de que muitos não querem regressar já”, refere Pedro Góis.
Porém, “40 por cento dos portugueses que saem tendem a voltar, em diferentes momentos”, sublinha o sociólogo. “Alguns destes queremos que voltem já, porque já nos começam a fazer falta, há outros que podem prolongar um pouco mais a sua estadia fora, mas não queremos que percam o contacto com o país”, frisa.
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