Fontes contactadas pela Lusa confirmaram que, apesar de vários presidentes de distritais sociais-democratas terem expressado dúvidas quanto à forma e conteúdo do texto, ele será assinado por todos, à exceção do PSD-Lisboa. Fontes desta estrutura justificaram que, até ao final da tarde de hoje, não tinham recebido formalmente qualquer documento.
O texto, que foi noticiado hoje à tarde pelo Público e Observador e a que a Lusa teve acesso, foi enviado na quarta-feira pelo vice-presidente do PSD, Salvador Malheiro, aos presidentes das distritais como proposta de comunicado, e começa por apelar à serenidade e sentido de responsabilidade dos militantes, defendendo que todos têm de contribuir para que a “unicidade da mensagem” não seja deteriorada perante a opinião pública.
Recordando que o PSD elegeu os seus novos órgãos há pouco mais de seis meses, na proposta de comunicado defende-se a estabilidade e o “respeito que todos devem guardar aos militantes” que elegeram Rui Rio como presidente em janeiro deste ano.
No texto, diz-se não ser aceitável nem compreensível “o ambiente de permanente instabilidade” para com a direção nacional e o seu presidente e o que se classifica de “constantes tentativas de deturpação das suas mensagens políticas” por parte de militantes do partido, considerando que tal prejudica os objetivos eleitorais do PSD e beneficia os seus adversários políticos.
“Quem age desta forma não quer que o PSD vença as eleições legislativas, na medida em que tudo está a fazer para prejudicar esse objetivo”, refere-se.
No texto, diz-se defender a diversidade de opiniões e a liberdade de expressão, mas condenam-se climas de “guerrilha permanente” e “agendas pessoais” que ponham em causa o interesse do PSD.
No último dos pontos da proposta de comunicado a que a Lusa teve acesso, defende-se que Rui Rio “deve continuar a pautar a sua atuação por mensagens claras e corajosas, por uma intervenção política séria e credível, que privilegie sempre Portugal”, para o qual contará com a “solidariedade e empenhamento” das distritais.
Viseu irá assinar o documento em nome da “solidariedade para com a direção nacional e as restantes distritais”, tal como Setúbal, apesar de o presidente desta distrital, Bruno Vitorino, ter afirmado à Lusa que o texto “não era necessário” – até porque nenhuma estrutura contestou o líder – e que seria preferível o partido falar “sobre os problemas concretos das pessoas”.
Fontes da distrital de Santarém – presidida desde maio por João Moura - confirmaram à Lusa que foi pedido pela direção que tivesse lugar neste distrito a apresentação de um documento de apoio ao líder, com a qual concordaram.
A Lusa contactou o vice-presidente do PSD Salvador Malheiro para se pronunciar sobre esta matéria, até agora sem sucesso.
Este pedido de apoio das distritais à estratégia da direção surge depois de um Conselho Nacional com várias intervenções críticas, entre as quais as do antigo líder parlamentar Hugo Soares, e numa altura em que o ex-candidato do partido à Câmara de Loures, André Ventura, disse estar preparado para recolher “em menos de uma semana” as 2.500 assinaturas necessárias à convocação de um congresso extraordinário.
O próximo Congresso ordinário deverá realizar-se em fevereiro de 2020 e para se reunir extraordinariamente terá de ser convocado a pedido de 2.500 militantes.
Uma vez que o presidente do PSD é eleito diretamente pelos seus militantes, um Congresso extraordinário não tem poderes eletivos, mas poderá ser palco de apresentação de moções de censura ou confiança à Comissão Política Nacional.
“A aprovação de uma moção de censura exige o voto favorável da maioria absoluta dos membros presentes da assembleia competente, desde que o número destes seja superior à maioria absoluta dos membros em funções, e implica a demissão da Comissão Política”, referem as normas do PSD.
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