O anúncio foi feito durante o 16.º Congresso Nacional de Oncologia, que decorre até sábado no Centro de Congressos do Estoril.

Na apresentação desta linha, a diretora do serviço de oncologia médica do hospital de Santarém, Sandra Bento, destacou que a ideia inicial foi “dar acesso aos doentes a cuidados mais diferenciados fora dos horários dos serviços de oncologia”.

Explicando o contexto da criação deste serviço, Sandra Bento apresentou dados de um estudo feito na Austrália que indica que 86% dos doentes em tratamento têm efeitos secundários e sublinhou que Portugal é um dos países “com maior utilização desnecessária dos serviços de urgência” e que “42% das idas ao serviço de urgência não seriam necessárias”.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia explicou que este serviço servirá para colmatar o facto de as urgências hospitalares não disporem em permanência de especialidade de oncologia.

“Na parte dos hospitais não há oncologia em permanência no serviço de urgência, ou seja, fora da hora do serviço de oncologia os doentes oncológicos são avaliados muitas vezes por outra especialidade em contexto de urgência geral”, explicou Paulo Cortes.

O responsável acrescentou ainda que, com o crescente número de doentes com cancro e as potenciais toxicidades agudas associadas sobretudo a tratamentos com quimioterapia e imunoterapia, a parceria entre a SPO e o SNS24 acaba por complementar o apoio a estes doentes.

“Fizemos esta parceria estratégica em que o doente tem apoio 24 horas por dia, com algoritmos desenhados e posteriormente validados pela DGS”, explicou o especialista.

Paulo Cortes sublinhou ainda que este serviço “funciona como um apoio complementar”.

“[Os doentes] Podem receber vários tipos de indicações, ou seja, podem fazer autocuidados, possíveis de resolver sem ir ao hospital, podem ser referenciados para cuidados diferidos no serviço de oncologia ou, se for uma situação muito aguda, o próprio serviço vai espoletar a chamada do INEM”, adiantou.