Em comunicado, a Marinha refere que, no sábado, "dois militares, do regime de contrato, da classe de Fuzileiros, envolveram-se nos confrontos que ocorreram na madrugada desse mesmo dia, na via pública, junto de um espaço noturno, em Lisboa, tendo posteriormente informado as respetivas chefias" do sucedido.

A Marinha adianta que mandou os dois militares apresentarem-se na respetiva unidade, "onde se encontram a responder a um inquérito interno e à disposição das autoridades policiais para as devidas investigações".

De acordo com a Marinha, estes militares "ainda não foram notificados por nenhuma entidade policial", numa altura em que a investigação está a cargo da Polícia Judiciária (PJ), em virtude de os atos violentos praticados poderem configurar homicídio, na forma tentada.

Um dos polícias ficou em coma devido às agressões na cabeça, estando internado no Hospital de São José, em Lisboa.

A Marinha Portuguesa salienta que se "encontra disponível para cooperar no que for necessário, com vista ao apuramento de todos os factos", e adverte que "não tolerará que nenhum militar seu tenha quaisquer comportamentos que violem a ética e os deveres militares".

Os outros três agentes da PSP, que tiveram sábado alta do hospital, após terem sido agredidos junto à discoteca Mome, já prestaram declarações à PJ, que está a investigar o caso, disse hoje à Lusa fonte ligada à PSP.

Segundo a mesma fonte, os três agentes "já foram ouvidos em interrogatório pela PJ", ajudando a investigação em curso desta polícia.

Aquela fonte indicou ainda que os agentes alvo de agressão atestaram que se identificaram como polícias ao intercederem numa desordem naquele local de diversão noturna e tinha adiantado que a Marinha está a colaborar com a PJ na identificação de alguns dos suspeitos das agressões, por se tratar de militares daquele ramo das Forças Armadas.

Entretanto, uma outra fonte da PSP referiu à agência Lusa que o agente ainda hospitalizado em São José se "encontra em coma induzido", estando "estável", embora o estado de saúde seja ainda "crítico".

Num comunicado divulgado no sábado, a PSP referia que o incidente ocorreu na madrugada desse dia, pelas 06:30, "no exterior de um estabelecimento de diversão noturna, na Avenida 24 de Julho", tendo começado com agressões mútuas entre vários cidadãos.

Segundo relatou a PSP, no local encontravam-se “quatro polícias, fora de serviço, que imediatamente intervieram, como era sua obrigação legal”, acabando por ser agredidos “violentamente” por um dos grupos, formado por cerca de 10 pessoas.

Durante a ação policial, um dos polícias foi "empurrado e caiu ao chão, onde continuou a ser agredido com diversos pontapés, enquanto os restantes polícias continuavam também a defender-se das agressões", adianta a PSP.

De acordo com a polícia, os agressores colocaram-se em fuga e não foi possível a sua identificação.

A PSP informou ainda que estavam em curso todas as diligências, em coordenação com a PJ, para a identificação dos autores das agressões.

"Salientamos que os polícias, apesar de não estarem em serviço, não deixaram de intervir, cumprindo com a sua condição policial, tentando manter a ordem pública a integridade física dos concidadãos que servimos", realçou a PSP.

A PSP disponibilizou acompanhamento psicológico através da sua Divisão de Psicologia, aos polícias agredidos e aos seus familiares.

A PSP apelou às pessoas que frequentam as áreas de diversão noturna para que adotem comportamentos ordeiros e que evitem confrontos e agressões, pois colocam em perigo a integridade física e a vida de terceiros.

Também no sábado, a ministra da Administração Interna (MAI), Francisca Van Dunem, manifestou "preocupação face à brutalidade e violência da agressão" contra os polícias, classificou tais atos de "intoleráveis" e prometeu um "rápido apuramento dos factos".

"Francisca Van Dunem manifesta a sua preocupação face à brutalidade e violência da agressão, totalmente intoleráveis e que justificam um rápido apuramento dos factos e a responsabilização dos seus autores", lia-se numa nota do Ministério da Administração Interna (MAI).

Na nota, a ministra exprimiu também a sua solidariedade para com os agentes agredidos, e com as suas famílias, e, em particular, para com o agente que se encontra hospitalizado.

(Artigo atualizado às 17:27)