Em comunicado, o CIVISA refere que o primeiro evento aconteceu às 15:13 locais (mais uma hora em Lisboa), com epicentro a cerca de um quilómetro da freguesia de Santo Amaro.

O sismo teve magnitude de 2,2 e, “de acordo com a informação disponível até ao momento”, foi sentido com a intensidade máxima de III/IV (Escala de Mercalli Modificada).

O segundo sismo decorreu às 15:38, com uma magnitude de 2,2 na escala de Richter, tendo sido sentido com a intensidade máxima III na escala de Mercali, na Urzelina. O epicentro foi registado a cerca de três quilómetros daquela freguesia do concelho das Velas.

A Proteção Civil dos Açores anunciou hoje que "está a preparar medidas preventivas que possam ser adotadas num possível cenário de um sismo de maior magnitude ou de uma possível erupção" em São Jorge, resultante da crise sismovulcânica.

De acordo com a Proteção Civil, as medidas estão a ser delineadas em articulação com as autarquias e agentes com responsabilidade na área de socorro às populações.

Além disso, já se encontra na ilha de São Jorge um técnico da Proteção Civil “para reunir com os municípios e prestar apoio" e "está a ser operacionalizado o envio de equipamento de suporte para reforçar a capacidade de resposta da ilha em caso de necessidade".

Hoje, em declarações à agência Lusa, o presidente do CIVISA, Rui Marques, disse que a atividade sísmica em São Jorge continua "muito acima" dos valores de referência.

"Continuamos com uma sismicidade claramente muito acima daquilo que é o normal para este sistema vulcânico fissural. Já foram registados, desde sábado, aproximadamente 1.800 eventos e destes já foram sentidos 94. Todos os sismos registados na rede do CIVISA são de origem tectónica, até ao momento", explicou.

De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).

A escala de Mercalli modificada, segundo o site do IPMA, divide-se em doze categorias: I – impercetível, II – muito fraco, III – fraco, IV – moderado, V – forte, VI – bastante forte, VII – muito forte, VIII – ruinoso, IX – desastroso, X – destruidor, XI – catastrófico, XII – danos quase totais.

Ainda não há evidência de atividade vulcânica em São Jorge

O secretário regional da Saúde dos Açores disse hoje que não há, neste momento, evidências de que haja atividade vulcânica em São Jorge, mas assegurou que as entidades competentes estão atentas e vão informar a população.

“Não há qualquer sinal ou evidência de atividade vulcânica, quer pelo satélite, quer pelos sensores. Todas as ocorrências sísmicas têm origem tectónica. No entanto, pelo histórico e pela localização sucessiva dos epicentros, poderá ocorrer esta situação”, afirmou o titular da pasta da Saúde nos Açores, que tutela também a Proteção Civil, Clélio Meneses, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.

Segundo o secretário regional da Saúde, a atividade sísmica está a uma profundidade entre os seis e os 12 quilómetros, o que “não indicia qualquer risco eminente de atividade vulcânica”, mas a situação pode vir a alterar-se.

“É um sinal, dizem os especialistas, de que não está muito perto da superfície, o que não será propriamente propiciador de erupção vulcânica. No entanto, tudo isto está a ser acompanhado com rigor, com precisão, de modo que possamos acautelar a segurança das pessoas”, afirmou.

Clélio Meneses frisou que as entidades oficiais não estão “a esconder nada” da população e que estão a acompanhar o evoluir da situação “ao minuto”, estando preparadas para tomar decisões em caso de “maior emergência”.

“Se se começar a perceber que estão a subir à superfície estes eventos sísmicos é um sinal de preocupação e aí transmitimos”, garantiu.

O secretário regional da Saúde sublinhou ainda que a crise sísmica está a ser acompanhada “em análise permanente” por várias entidades, com o conhecimento técnico do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

“Qualquer situação que seja necessário comunicar, comunicaremos, na perspetiva de as pessoas estarem informadas. Muitas vezes o desconhecimento alimenta o medo e é isso que não queremos fazer. Estamos a comunicar o que se passa para que as pessoas saibam”, acrescentou.

O governante recomendou à população que esteja atenta à informação das entidades competentes, apelando a que “não temam algo que não está a acontecer”.

“O grande conselho é que as pessoas mantenham a calma possível num momento de transtorno como este que estão a viver desde sábado, tal é a intensidade da atividade sísmica, mas estejam atentos à informação que vai ser dada”, afirmou.

Clélio Meneses desaconselhou, por outro lado, deslocações para a ilha de São Jorge, que possam ser adiadas, dando como exemplo atividades desportivas ou culturais.

“Aconselha-se a que não se desloquem nesta situação de crise sísmica. Havendo algum evento, com impacto maior, são mais pessoas” para serem retiradas, explicou.

(Notícia atualizada às 19h02)