Havia a dúvida se o PSD tinha este trunfo na manga, pronto a lançar num momento da campanha E foi logo no início que a AD decidiu anunciar que o ex-presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, iria estar presente no comício da coligação, esta segunda-feira, em Faro, na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve. Para depois Passos Coelho não deixar dúvidas no apoio à AD, num momento que disse ser "decisivo".

Nem o dia, nem o local onde aparece Passos Coelho são por acaso. O Algarve é um lugar que pode ser decisivo para a AD e que, segundo as sondagens, não só não está ganho, como é um local onde o Chega está com um crescimento expressivo. E, ao aparecer ao segundo dia, a AD espera, não só afastar as dúvidas do apoio do ex-líder, mas também conseguir capitalizar este aparecimento messiânico até ao fim da campanha. Isto, se o país interpretar assim a jogada, como lembra o Embaixador Seixas da Costa no X, antigo Twitter.

Mas, independentemente da forma de interpretação, é certo que o dia que começou com o debate nas rádios (onde o Chega não esteve presente) - onde os partidos com representação parlamentar concordaram hoje com a necessidade de diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social, mas divergiram na forma, que vão desde receitas de autoestradas, imposto sobre grandes fortunas, ou privatização da CGD - tornou-se distante e o evento passou a ser o aparecimento de Passos Coelho que anos depois continua a abalar a esquerda e a unir a direita. Como nunca mais um social democrata conseguiu depois dele, importa dizer.

Realidade que não é estranha a Passos Coelho, tendo dito logo à entrada: "Eu não venho cá criar desatenções, venho cá ajudar o PSD em campanha", afirmou Passos Coelho, enquanto caminhava lado a lado com Luís Montenegro, rodeados por comunicação social.

Para, depois, num discurso cheio de críticas ao PS, mas mais apaziguadas que o habitual, e recursos à memória de um país que ainda há-de vir, defender  que "o resultado natural destas eleições é a vitória da AD", perante o "imenso vazio" do PS, e pediu aos portugueses que deem "condições de força política a esse Governo". Apelando assim ao voto na AD.

Foi visto depois, uma vez por Montenegro, o presidente do PSD disse “muito, muito, muito obrigado” a Pedro Passos Coelho pelo “trabalho patriótico” quando liderou o Governo entre 2011 e 2015, salientando que “talvez nenhum outro tivesse conseguido alcançar” os mesmos resultados.

Para o bem e para o mal o aparecimento de Passos Coelho traz as emoções à flor da pele. Depois, foi visto pelo secretário-geral do PCP que considerou a presença do ex-primeiro-ministro Passos Coelho hoje na campanha da Aliança Democrática (AD) simbolizou um regresso ao passado, manifestando ainda o objetivo de derrotar a direita, uma maioria PS e as sondagens. Foi ainda visto pelo presidente do Chega que considerou que o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho mostrou ao líder do PSD o discurso que Luís Montenegro devia fazer desde que lidera o partido.