Na audição que decorre hoje na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, Pedro Nuno Santos foi confrontado com a posição de Lacerda Machado sobre o negócio da manutenção no Brasil que, na mesma comissão, defendeu há quase um mês que “foi de longe o melhor investimento que a TAP fez em 50 anos".

“É com humildade que eu discordo da ideia e da afirmação de que o negócio da VEM foi o melhor negócio de sempre, nos últimos 50 anos da TAP. E não concordo porque, ao dia de hoje, quase um terço da intervenção pública que nós estamos a fazer é por conta da ME Brasil”, disse, começando por sublinhar o conhecimento de Lacerda Machado sobre o mercado da aviação.

Lembrando que foi perdido “muito dinheiro na ME Brasil”, o antigo ministro referiu que, “ao dia de hoje”, preferia que se tivesse “conseguido voar para o Brasil sem ter a VEM por causa do custo que acabou por representar para a TAP e que é evidente para todos”.

“Reputo de credível a ideia de que a compra da VEM permite alavancar credibilidade ao Estado português e a Portugal, junto do governo brasileiro e que isso possa ter ajudado a TAP a ganhar mais direitos de viagem com o Brasil. Admito isso, mas eu diria que as principais razões para o nosso crescimento no Brasil são, desde logo - isto se calhar é uma grande asneira, mas vou arriscar - foi o encerramento da VARIG”, defendeu, considerando que “havia um espaço para ocupar”.

Pedro Nuno Santos aproveitou este tema para devolver críticas ao PSD, referindo que nos quatro anos de governação – entre 2011 e 2015 – “não fez nada para resolver o problema da VEM”.

“Quando tomámos posse herdamos a TAP e a ME Brasil dentro da TAP. A ME Brasil encerra com este Governo”, referiu, esclarecendo que não foi por imposição da Comissão Europeia.

O ex-ministro admitiu que este “não tenha sido um bom negócio para a TAP”, reiterando não ser “um especialista do setor da aviação”.

“Acho que foi muito importante a TAP ter-se libertado da ME Brasil”, defendeu, apesar de assumir que no momento em que a empresa foi comprada a intenção “tivesse sido a melhor”.

Ao longo da audição – e apesar da insistência dos partidos da oposição – Pedro Nuno Santos manteve sempre a linha que traçou no início e deixou de fora todas as perguntas relativas à sua saída do Governo, ou seja, à polémica indemnização à ex-administradora Alexandra Reis.

Quanto ao contributo da TAP para o país, Pedro Nuno Santos referiu que a empresa pagou, nos últimos 10 anos, 300 milhões de euros por ano em impostos e contribuições, tendo o deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco respondido que todas as empresas fazem aquele tipo de pagamentos.

“É verdade, mas para isso elas têm de existir”, apontou o ex-ministro. “Se se perde a empresa, não há cá impostos pagos, senhor deputado”, reiterou, acrescentando que “é claro”, pelo menos para “muita gente”, que a TAP não seria substituída rapidamente por outra companhia aérea, ou por uma que mantivesse a dimensão que tem.

Já sobre o plano de reestruturação que ainda está a ser executado na TAP, que implicou despedimentos e cortes salariais, Pedro Nuno Santos lembrou que sempre defendeu que o documento fosse discutido no parlamento. "Ninguém quis, com exceção de um partido. Todos tínhamos ganho com isso", argumentou.

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