Num discurso durante um jantar do partido em Grândola (Setúbal), o dirigente admitiu que o PS lidera um executivo “que falha, por vezes, como acontece com todos e em toda a parte”, mas vincou também “que apresenta resultados que são bons”.
“Importa, por isso, estarmos sempre atentos para mudar o que é possível e para melhorar o que é necessário, estejamos nós a falar de políticas ou de políticos”, afirmou Carlos César, perante militantes e apoiantes do PS.
Com os ministros da Educação, João Costa, e dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e outros na assistência, o presidente socialista realçou que “essa compreensão e disponibilidade [para mudar ou melhorar] são sempre inadiáveis”.
“Refrescam ideias, trazem um novo fôlego, recuperam entusiasmos responsáveis e convocam novas competências”, sublinhou, considerando que “o sentido de renovação é essencial” e que “essa ambição é essencial ao PS como o PS é essencial a Portugal”.
Durante um discurso de 20 minutos, César enumerou dificuldades dos Governos PS nos últimos sete anos, como a pandemia de Covid-19 ou as consequências da guerra na Ucrânia, e passou em revista algumas das medidas tomadas pelo Executivo.
Já em relação à oposição, o presidente do PS apontou baterias aos partidos da direita, acusando o PSD de não ter um projeto para Portugal e de se opor a tudo o que o Governo socialista faz e não faz.
“Coligar-se com a direita radical e namorar com a extrema direita. É esse o projeto do PSD para o nosso país”, questionou.
À chegada ao jantar, o dirigente socialista foi questionado pelos jornalistas sobre discordância entre o Presidente da República e o primeiro-ministro sobre a permanência do ministro João Galamba no Governo.
“O que é importante para nós depois destes acontecimentos mais atribulados é que o partido se concentre na sua atividade, quer ao nível do Governo da república, quer ao nível da sua presença nas autarquias locais”, respondeu.
Carlos César disse que deve ser feito “o possível para que o Governo seja o melhor Governo e com os melhores resultados para os portugueses”
Questionado sobre se, para isso, sugere uma remodelação, o presidente do PS limitou-se a adiantar que “os governos têm sempre mais longevidade do que cada um dos governantes” e que “os governos têm sempre vários governantes que se sucedem”.
“É importante que os governos em geral, em tese, e, naturalmente, este Governo não escapa, possam periodicamente ter um refrescamento que lhes permite sempre novos ganhos, um novo fôlego ou um novo entusiasmo”, vincou.
“Estou a falar de um Governo que já é muito bom, mas eu ambiciono que seja ainda melhor”, acrescentou.
Numa declaração ao país, o chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma “divergência de fundo” e considerou que essa decisão de António Costa tem efeitos “na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado”.
Nos últimos dias, o ministro das Infraestruturas esteve envolvido em polémica com o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro, que demitiu na quarta-feira, sobre informações a prestar à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.
O caso envolveu denúncias contra Frederico Pinheiro por violência física no Ministério das Infraestruturas e furto de um computador portátil, depois de ter sido demitido, e a polémica aumentou quando foi noticiada a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS) na recuperação desse computador.
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