Após uma reunião com o Governo, que decorreu na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, estes quatro autarcas do PS indicaram que a audição não serviu para discutir outras opções de localização do novo aeroporto, nomeadamente o Campo de Tiro de Alcochete (situado nos concelhos de Benavente, distrito de Santarém, e Montijo, distrito de Setúbal).

Para o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, “é urgente” avançar no aumento da capacidade aeroportuária na região e em soluções que permitam resolver as questões do aeroporto Humberto Delgado, em que se está a “pagar um preço muito elevado” por se ter adiado durante décadas a decisão.

Fernando Medina rejeitou, assim, “qualquer solução que seja o regresso à estaca zero”, referindo que “o município de Lisboa cooperará sempre”, mas sublinhando a questão da “urgência”, devido à sobrecarga do atual aeroporto, nomeadamente os voos noturnos.

Na perspetiva do presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta, o novo aeroporto permite o desenvolvimento económico da Península de Setúbal, a redução da assimetria da região e pode ser “um motor de atração de emprego e de atração de empresas”.

Favorável à construção do aeroporto na Base Aérea n.º 6, entre o Montijo e Alcochete, o autarca Nuno Canta indicou que também seria favorável a outras localizações se fossem na margem sul da região de Lisboa, opondo-se apenas a um investimento aeroportuário na margem norte.

“Só estaríamos em desacordo com uma localização a norte”, afirmou o presidente da Câmara do Montijo, acrescentando que a opção do Campo de Tiro de Alcochete não foi discutida na reunião, mas que também esta, à semelhança do Montijo, tem declaração de impacto ambiental.

Sobre a reunião, o presidente da Câmara de Alcochete, Fernando Pinto, manifestou-se “convicto e confiante” de que as preocupações quanto ao novo aeroporto do Montijo “foram bem recebidas pelo primeiro-ministro”.

“Não vim defender nenhuma localização, porque essa questão não se coloca, essa decisão já foi tomada”, declarou Fernando Pinto, adiantando que esse assunto não foi abordado na reunião.

Considerando que se trata de um investimento relevante para o país, o autarca de Alcochete elogiou a “posição de coragem” do Governo “após 60 anos de inoperância em relação a uma decisão desta natureza”, classificando como “um não assunto” a opção do Campo de Tiro para a construção do novo aeroporto.

Em representação do município do Barreiro, o autarca Frederico Rosa realçou o potencial do novo aeroporto do Montijo, que permitirá o desenvolvimento económico a criação de emprego na região.

Para o presidente da Câmara do Barreiro, “o projeto do Montijo, com as acessibilidades previstas, pode ser um fator decisivo para o crescimento da Margem Sul”.

Além destes quatro autarcas, o Governo reuniu com os presidentes das Câmaras da Moita e do Seixal, os comunistas Rui Garcia e Joaquim Santos, que reiteraram a posição contra o projeto de construção do aeroporto do Montijo, mas afirmaram estar disponíveis para dialogar.

A construção do aeroporto na Base Aérea n.º 6, entre o Montijo e Alcochete, está agora em risco porque a lei é clara: a inexistência do parecer favorável de todos os concelhos afetados “constitui fundamento para indeferimento”.

Segundo a Declaração de Impacte Ambiental (DIA), emitida em janeiro, cinco municípios comunistas do distrito de Setúbal emitiram um parecer negativo (Moita, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Palmela) e quatro autarquias de gestão socialista (Montijo, Alcochete, Barreiro e Almada, no mesmo distrito) deram um parecer positivo.

Em 08 de janeiro de 2019, a ANA e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.