“Hoje, quando lembramos a necessidade de reconstruir este território, homenageamos as vítimas, lembramos que é preciso continuar a apoiar as pessoas, lembramos as pessoas que não têm apoio e dizemos que é preciso, agora, um investimento público claro no interior”, disse Catarina Martins, que falava antes de participar na “Caminhada de Memória”, em que mais de 200 participantes percorrem 7,7 quilómetros da estrada nacional 236-1, via onde morreram grande parte das vítimas do fogo de Pedrógão Grande, há um ano.
Segundo a dirigente bloquista, “falta fazer muita coisa”, considerando que é preciso não esquecer o que aconteceu na região.
Ao não esquecer, tem de se saber “o que falta fazer” e assumir “essa responsabilidade”, notou, considerando que já se fez “muita coisa, mas podia ter-se feito muito mais”.
“Acho que é preciso fazer mais agora”, frisou, considerando que, quando se fala hoje dos perigos do abandono do território, é necessário “corrigir” os problemas, o que “significa, seguramente, uma política florestal, significa outra política agrícola e significa serviços públicos em todo o território”.
Para Catarina Martins, “é preciso combater as assimetrias” e é preciso “objetivos concretos”.
“Uma política muito concreta é garantir serviços públicos em todo o território. Uma política muito concreta é garantir investimentos que criam emprego em todo o território. Se não tivermos serviços públicos e emprego, o território vai ficando abandonado”, frisou.
Nesse sentido, a coordenadora do Bloco de Esquerda recordou que, “nos últimos anos, foram encerrados muitos serviços públicos em todo o território”, não apenas escolas, tribunais ou correios, como “serviços de proximidade do Governo”, nomeadamente os serviços descentralizados do Ministério da Agricultura.
“É preciso ter essa visão de proximidade do tecido social e económica. Essa é uma opção de investimento”, referiu, apontando como medidas no imediato para mitigar as assimetrias a paragem do encerramento de balcões da Caixa Geral de Depósitos e a reabertura de postos dos CTT.
O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), em 17 de junho, e alastrou a concelhos vizinhos provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.
As chamas, extintas uma semana depois, destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.
Em outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortes, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos em 2017.
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