"É repugnante, do ponto de vista cívico, que uma pessoa, um jovem, um aluno, possa batalhar 12 anos da sua vida do seu esforço, muitas vezes do seu sacrifício, em busca de um determinado resultado académico que lhe permite aceder àquilo que é a sua vontade formativa no patamar seguinte, no ensino superior, e não o conseguir concretizar por não ter condições para estar, para se instalar e alojar junto da instituição que lhe oferece a formação que ele procurou, para a qual lutou, para a qual empreendeu todo o seu labor" — disse hoje Luís Montenegro.
O primeiro ministro falava na apresentação do investimento de cerca de 8 milhões de euros em consultas para os universitários, quer de Psicologia, quer de Nutrição.
"A nossa maior exportação é de capital humano e fazemo-lo a custo zero. Contrariar esta tendência e aproveitar este potencial é um desígnio que esta geração, a nossa geração, não pode falhar." - conclui.
O primeiro-ministro admitiu que o Governo não pode garantir "de um mês para o outro" que haverá professores para todos os alunos no arranque do ano letivo ou alojamento estudantil no ensino superior a preço comportável.
Luís Montenegro falava na assinatura de acordos entre Governo, ordens profissionais e ensino superior, que se traduzem em mais 709 camas para o alojamento estudantil e na criação de cheques-psicólogo e cheques-nutricionista para estudantes do ensino superior, numa cerimónia em que participaram também os ministros da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Inês Palma Ramalho.
“Fazer tudo isto é preparar o país para as próximas décadas, é olhar para ações que muitas delas não têm efeito imediato”, afirmou o primeiro-ministro, deixando um lamento a poucos dias do início do ano letivo.
“Infelizmente, sr. ministro da Educação, apesar de todos os esforços que estamos a fazer e vamos continuar a fazer, não estamos em condições de poder dizer que, de repente, de um mês para o outro, já vai haver professores em todas as escolas e a todas as disciplinas e não vai haver alunos a serem prejudicados por não terem professores pelo menos a uma disciplina”, disse.
Da mesma forma, acrescentou, o Governo também não está em condições de dizer que “todos os estudantes que concorreram a um curso no ensino superior vão ter alojamento a um custo comportável para as suas carteiras”.
No entanto, disse, se o executivo “for solucionando problema a problema com uma visão transversal a comandar” poderá ir reduzindo as desigualdades no acesso ao ensino, problema que disse inquietá-lo como primeiro-ministro.
O primeiro-ministro considerou que “o maior desafio que o país enfrenta” é ter a capacidade de desenvolver e reter o talento que tem, considerando “muito frustrante” que uma das maiores exportações do país “seja o capital humano a custo zero”, quando jovens qualificados se veem forçados a emigrar.
“Contrariar esta tendência e aproveitar este potencial é um desígnio que a nossa geração não pode falhar. Se nós falharmos, vamos deixar aos que vierem a seguir um país mais pobre, com menos capacidade de dar oportunidades aos que se seguirão a nós”, avisou.
*com Lusa.
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