Em entrevista à Lusa, o responsável do Sindicato dos Enfermeiros (SE), que representa cerca de 7.500 entre os 60.000 profissionais no país, considerou a iniciativa um “alerta ao Estado” pelas carências nos hospitais e centros de saúde, agravadas pelo estado de emergência e que "colocam em risco" os enfermeiros e os doentes.

“A nossa providência cautelar é para exigir ao governo que forneça os elementos necessários, quer materiais quer de pessoal, para que nós possamos suster os efeitos negativos desta pandemia. Desde o material ao pessoal, falta tudo”, afirmou, sublinhando que a ação vai ainda contestar a suspensão de direitos dos enfermeiros neste período e uma alegada primazia dos médicos sobre os demais profissionais do setor na realização de testes para a covid-19.

José Correia Azevedo esclareceu também que não falou sobre a providência cautelar – que deve dar entrada nos tribunais “entre segunda e terça-feira” - com a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Rita Cavaco, embora tenha garantido que outros elementos da Ordem tiveram conhecimento da iniciativa do SE.

Já sobre as críticas da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), que, através da dirigente Lúcia Leite, repudiou a apresentação de uma providência cautelar neste momento, considerando a mesma extemporânea e integrada numa lógica de “show off mediático”, o líder do SE desvalorizou esta posição.

“Não é oportunismo, nem é extemporâneo. Os nossos colegas espanhóis estão com problemas semelhantes ou piores do que os nossos e uma juíza de um tribunal deu razão e exigiu ao Estado espanhol 24 horas para repor as necessidades que os serviços evidenciam. O que queremos é que os enfermeiros tenham maior eficácia e proteção e que o Estado assuma as consequências que advierem”, vincou.

Num período de estado de emergência, em que os tribunais somente despacham atos urgentes, José Correia Azevedo relativizou também o resultado judicial da providência cautelar e recorreu à linguagem popular para explicar que a ação “serve para picar as mulas”, como forma de pressão sobre o Estado.

“Cada um faz o que pode e atua em circunstância. Essas coisas já não são da nossa responsabilidade. Tentamos que as coisas melhorem”, sentenciou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 28.000.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 100 mortes, mais 24 do que na véspera (+31,5%), e registaram-se 5.170 casos de infeções confirmadas, mais 902 casos em relação a sexta-feira (+21,1%).

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