As alterações climáticas e os desastres naturais, os surtos de doenças e os conflitos de longa duração são as principais causas do aumento (mais 22 milhões de pessoas em relação a anos anteriores) do número de pessoas a precisarem de ajuda humanitária no mundo.
Segundo o OCHA, a tendência de aumento deve continuar, com a organização a antever que mais de 200 milhões de pessoas irão precisar de assistência até 2022.
O número de 168 milhões de pessoas avançado pelo relatório “Global Humanitarian Overview” do OCHA marca “um recorde na era moderna” desde a II Guerra Mundial, afirmou, em declarações aos jornalistas em Genebra (Suíça), o subsecretário-geral da ONU para os assuntos humanitários, Mark Lowcock.
“Representa cerca de uma em cada 45 pessoas no mundo”, reforçou.
O representante explicou que as carências aumentaram em parte porque “os conflitos tornaram-se mais longos e mais intensos”.
Mark Lowcock acrescentou que as alterações climáticas, com as consequentes inundações, períodos de seca ou outros fenómenos, também têm um forte impacto sobre a assistência humanitária.
“A brutal verdade é que 2020 será difícil para milhões de pessoas”, reconheceu o representante da ONU.
Segundo as Nações Unidas, serão necessários perto de 29 mil milhões de dólares (cerca de 26 mil milhões de euros) para prestar assistência em 2020 às pessoas afetadas por crises humanitárias.
Para tentar angariar este valor, a ONU lançou hoje um apelo à comunidade internacional.
Entre as 168 milhões de pessoas que irão precisar de assistência humanitária no próximo ano, 109 milhões são classificadas como muito vulneráveis.
O Iémen (palco de uma guerra desde 2014) e a Síria (afetada por um conflito desde março de 2011) são os países que reclamam mais ajuda humanitária, com a ONU a prever canalizar uma verba superior a três mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros) para estas duas situações.
Mas, de acordo com o relatório, a Venezuela é o país que regista o maior aumento no campo das necessidades humanitárias.
Em finais do ano passado, o apelo da ONU para 2019 previa as necessidades venezuelanas e dos países vizinhos que acolheram refugiados venezuelanos em quase 740 milhões de dólares (667 milhões de euros).
O agravamento da crise económica e social na Venezuela, país que conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes, forçou a ONU a quase duplicar a assistência para 2020, que irá atingir 1,35 mil milhões de dólares (1,21 mil milhões de euros).
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