No comunicado, assinado pela Comissão do Livro Escolar da APEL, a associação sustenta que o grupo, criado em maio, "falhou os objetivos a que se propunha, por exclusiva responsabilidade do Ministério da Educação".
O grupo de trabalho foi criado através do Despacho n.º 6861/2016 do Ministério da Educação, em 13 de maio de 2016, para definir "um programa de aquisição e reutilização de manuais escolares e recursos didáticos com vista a implementar progressivamente, no prazo da atual legislatura, a sua gratuitidade em toda a escolaridade obrigatória".
"A gestão ad-hoc e pouco produtiva com que o Chefe de Gabinete da Secretária de Estado Adjunta e da Educação [José Couto] conduziu o Grupo de Trabalho é lamentável, e nada condizente com o grau de responsabilidade inerente, e impediu a concretização de propostas concretas", considera a APEL.
Para a associação de editores e livreiros, "os representantes do Ministério da Educação não proporcionaram as condições fundamentais para que essa discussão fosse produtiva e, para que não haja dúvidas sobre esta matéria, a APEL desafia a que sejam tornadas públicas as atas das reuniões, bem como todos os elementos que permitirão avaliar a forma como este grupo de trabalho foi conduzido".
No comunicado, a entidade sustenta ainda que a criação deste grupo foi encarada "como uma oportunidade de se debater e encontrar um modelo de gratuitidade que fosse sustentável e compatível com os princípios constitucionais de liberdade e equidade no acesso e sucesso na educação".
"Foi nesse sentido que os editores escolares trabalharam, disponibilizando vários documentos e pareceres aos demais parceiros para uma discussão séria, ampla e aprofundada, provando o sentido de responsabilidade e a vontade de compromisso dos editores", salientam.
A APEL acrescenta ainda que poderia ser, por estes dias, anunciada uma "política do manual escolar do Século XXI, condizente com os desafios que os alunos e os professores enfrentam, e que permitisse uma construção eficaz de uma sociedade do conhecimento", mas que os responsáveis do Ministério "se mostraram insensíveis à maioria das recomendações, em particular, às questões de igualdade de acesso e sucesso na educação, expressamente previstas na Constituição".
A criação de um grupo de trabalho, para definir a gratuitidade e reutilização dos manuais escolares, em toda em a escolaridade obrigatória, foi definida por despacho de 13 de maio, do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e tinha um prazo máximo de 180 dias (até novembro), para a apresentação do relatório final.
O grupo era constituído por representantes do Ministério da Educação, do Conselho das Escolas, da Associação Nacional de Municípios Portugueses e das associações de pais (CONFAP e CNIPE), das secretarias de Estado dos Assuntos Parlamentares e do Comércio, da Direção-Geral das Atividades Económicas e da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).
“O governo propõe-se tornar os manuais escolares menos onerosos para as famílias e incentivar a sua reutilização, sem colocar em causa a liberdade de escolha”, lia-se no despacho.
O ministro sustentava a medida com o programa inscrito no Orçamento do Estado para 2016, que já previa a distribuição gratuita dos manuais escolares a todos os alunos do 1.º ano do 1.º ciclo do ensino básico, no ano letivo de 2016/2017.
O Orçamento do Estado para 2017 prevê o alargamento da medida, em 2017/2018, a todos os alunos do 1.º ciclo do Ensino Básico, na rede pública de escolas, cabendo ao responsável governamental pela educação definir as condições em que serão disponibilizados os manuais.
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