O ministro da Administração Interna apelou para que os portugueses limitem, durante o fim de semana, as deslocações ao necessário e avisou que podem ser encerradas pelas forças de segurança zonas com aglomerados de pessoas.

“Os resultados positivos que têm vindo ser apresentados não nos permitem descansar neste esforço coletivo de contenção. Por isso apelava, para que neste fim de semana, limitemos as deslocações àquelas situações em que são expressamente admitidas”, disse Eduardo Cabrita no final da nona reunião da Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência devido à pandemia de covid-19.

O ministro avançou que as forças de segurança vão estar empenhadas “naquilo que é o aconselhamento, recomendação e fiscalização do cumprimento das regras próprias do regime estado de emergência”.

A PSP e a GNR começaram estas operações ao fim da tarde de hoje e vão prolongar-se pelo fim de semana.

“Em articulação com as câmara municipais não deixaremos de encerrar zonas que propiciem uma maior aglomeração de pessoas, designadamente zonas perto do mar e em zonas de lazer”, frisou, acrescentando que “é um esforço adicional” para que a partir do início de maio se inicie “gradualmente e com segurança uma abertura de vários setores” da economia e serviços.

Eduardo Cabrita relembrou também que no primeiro fim de semana de maio, entre 01 e 03, terá de existir “um esforço adicional” através de regras de limitação da circulação entre municípios, idêntico ao que aconteceu na Páscoa.

Na reunião da estrutura de monitorização, as forças de segurança destacaram que se verifica “um generalizado cumprimento e adesão” dos portugueses às regras do estado de emergência, frisou.

O ministro avançou igualmente que desde que foi decretado o terceiro período do estado de emergência, a 18 de abril, a PSP e a GNR detiveram 58 pessoas por desobediência, 23 das quais por violação do dever de confinamento obrigatório, e encerram 142 estabelecimentos comercias, sobretudo cafés e pastelarias.

O ministro referiu ainda que as forças de segurança reportaram a existência de algum aumento de circulação na via pública e nas estradas, o que considerou ser “algo positivo“, porque pode significar “alguma retoma das atividades económicas” de empresas que tinha decidido fechar sem ser necessário.

Presidida por Eduardo Cabrita, a Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência integra representantes das forças e serviços de segurança e os secretários de Estado das áreas governativas da Economia, dos Negócios Estrangeiros, da Presidência do Conselho de Ministros, da Defesa Nacional, da Administração Pública, da Saúde, do Ambiente, das Infraestruturas e Habitação e da Agricultura.

Portugal líder na testagem

O ministro da Administração Interna aproveitou a ocasião para sublinhar que em Portugal, a nível global, realizaram-se até quinta-feira, dia 23 de abril, 317 mil testes ao novo coronavírus, reforçando que a capacidade de testagem "aumentou significativamente" no último mês. Em abril, frisou Cabrita, "já se fizeram o dobro dos testes" que tinham sido feitos em março. "Dos países com mais de um milhão de habitantes, Portugal é, neste momento, na Europa o país com mais testes realizados relativamente à sua população", notou o ministro, garantindo que "vamos continuar este esforço".

O ministro deu conta que está a ser dada prioridade à realização sistemática de testes a trabalhadores de lares de idosos e que este programa está “em plena aplicação”, estando a ser realizado em articulação com as autoridades de saúde, segurança social e com um conjunto de universidade e laboratórios.

“Foram já realizados testes a mais de 50% dos trabalhadores dos lares e até ao final da primeira semana de maio contamos ter testados todos os trabalhadores de lares”, precisou, acrescentando que os níveis de deteção de casos positivos estão à volta dos 10% dos casos testados.

Segundo o ministro, estes 10% “não correspondem a um receio que existia de uma dimensão muito superior de casos positivos”.

Eduardo Cabrita frisou também que o Governo vai promover a realização de testes à covid-19 relativamente a requentes de asilo que se encontram a aguardar decisão administrativa e judicial em alojamentos coletivos sobretudo na área de Lisboa.

A realização destes testes, que vai ser feita em colaboração com o Conselho Português para os Refugiados, acontece depois de terem sido detetados mais de uma centena de migrantes infetados com covid-19 num hostel de Lisboa.

Durante a reunião da estrutura de monitorização foi dado a conhecer que chegaram a Portugal, até quinta-feira, 25 voos com material de apoio médico, designadamente equipamento de proteção individual, ventiladores e material de apoio cirúrgico.

Eduardo Cabrita adiantou que estão programados mais quatro voos para a próxima semana.

PSP e GNR têm 168 elementos infetados e 26 estão recuperados

“Nada afeta a operacionalidade das forças de segurança que renovam a sua declaração de plena capacidade para cumprir os objetivos estabelecidos no cumprimento do estado de emergência”, disse o ministro, dando conta que 382 elementos da PSP e da GNR estão em isolamento profilático.

Segundo o governo, este número “é absolutamente irrisório”, uma vez que, em cerca de 45 mil elementos, existe uma taxa de menos de 1% do efetivo em quarentena.

Eduardo Cabrita explicou que “sempre que há um suspeito numa qualquer unidade das forças de segurança” são sujeitos a testes todos os elementos.

“Qualquer contacto com um infetado, ou qualquer caso de infeção, determina a imediata colocação em quarentena de toda essa unidade”, disse, frisando que desde a primeira fase do estado de emergência que os elementos das forças e serviços de segurança são prioritários na realização de testes.

Portugal está em estado de emergência para combater a covid-19 desde o dia 18 de março, que já foi renovado por três períodos, e termina a 02 de maio.

De acordo com a Direção-Geral da Saúde, morreram 854 pessoas das 22.797 confirmadas como infetadas, e há 1.228 casos recuperados, em Portugal.