Marcelo Rebelo de Sousa chegou ao Cairo para uma visita de Estado de três dias cerca das 19:30 (18:30 em Lisboa), foi recebido pelo ministro das Antiguidades, Khaled al-Anani, e, minutos depois, aos jornalistas, vincou o “novo ciclo de relacionamento” entre Portugal e o Egito, lembrando a visita a Lisboa, em 2016, do seu homólogo egípcio, Abdel Fatah al-Sisi.

O chefe do Estado português recordou também a mensagem subscrita pela União Europeia (UE) após as eleições presidenciais que valeram a reeleição de al-Sisi há poucas semanas.

Na mensagem, a UE saudava a “realização do ato eleitoral” e desejava felicidades ao Presidente reeleito, mas também “chamava a atenção para a necessidade de mais educação, mais desenvolvimento, mais capacidade de abertura e de criação de condições de participação”, “fundamental para uma sociedade que é um mundo”.

“Estamos a falar de um país com 100 milhões de pessoas, com um ritmo de crescimento de 2,5 milhões [de pessoas] por ano”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa.

Um “mundo essencial” numa região que é também “um mundo”, mas em que “é preciso mais educação, qualidade, desenvolvimento económico, social e político”, acrescentou.

O desenvolvimento político “significa, naturalmente, maior participação e passos na transição para um regime que seja de consagração de valores que são queridos à Europa”, sublinhou o chefe de Estado português, sem nunca falar concretamente em valores democráticos.

Valores esses que a Europa “saúda, espera, incentiva e apela”, afirmou ainda.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu também que vê Portugal, “tanto no plano bilateral como multilateral”, a “desempenhar um papel importante nessa aproximação”.

Aliás, o Presidente lembrou que a sua é a primeira visita de Estado "depois do último acto eleitoral" das presidenciais no Egito e repetiu que Portugal "é uma plataforma giratória entre culturas e civilizações".

"E entende que pode desempenhar aqui um papel fundamental. E não esqueçamos que o Egito tem uma posição-chave nesta região particularmente sensível do globo".

Na quinta-feira, o dia da visita começa com um encontro com o Presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, após o qual serão assinados dois acordos.

Um entre o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, a Universidade do Porto e a Universidade de Ain Shams, com vista ao reforço do ensimo do Português, e outro memorando de entendimento sobre a cooperação entre a Zona Económica do Canal do Suez e a AICEP Global Parques.

À tarde, Marcelo Rebelo de Sousa vista a Universidade de al-Azhar, incluindo um debate com alunos, e reúne-se com o presidente do Parlamento, Ali Abdel Aal, e com o primeiro-ministro, Sherif Ismail, antes de discursar no encerramento do Fórum Económico Portugal-Egito.

O dia termina com uma receção à comunidade portuguesa no país, num hotel da capital.

Mais de vinte anos depois da visita de Estado de Mário Soares ao Egito, em 1994, a comitiva presidencial portuguesa integra o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, e quatro deputados à Assembleia da República, Fernando Anastácio (PS), Adão Silva (PSD), Nuno Magalhães (CDS) e Ana Mesquita (PCP).

(Notícia atualizada às 22h00)