Falando aos jornalistas depois de ter votado nas eleições autárquicas que hoje se disputam em Portugal, António Costa abordou também as eleições legislativas que decorrem na Alemanha, onde os eleitores irão escolher o sucessor da chanceler Angela Merkel.
Reconhecendo que “são eleições muito disputadas”, o primeiro-ministro frisou que “nunca é fácil a sucessão a uma pessoa tão carismática e com uma tal longevidade no exercício de funções como foi a chanceler Merkel”.
“Mas, seguramente, os alemães encontrarão uma boa chanceler, ou um bom chanceler, para dar continuidade àquilo que é um contributo indispensável que a Alemanha dá sempre à Europa, qualquer que seja o resultado”, frisou.
Apesar de considerar que “não é o dia ideal” para se pronunciar sobre as suas escolhas para futuro líder alemão, António Costa destacou que “toda a gente sabe” qual é o seu "preferido”, em referência ao candidato do SPD, Olaf Scholtz, que, além de ser o atual vice-chanceler e ministro das Finanças alemão, pertence também à mesma família política europeia que o PS: a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D, na sigla em inglês).
Segundo António Costa, Scholtz teve um “papel absolutamente essencial” e foi “uma das pessoas mais importantes em todo o processo negocial” que conduziu ao NextGenerationEU, o programa de recuperação da União Europeia (UE).
Fazendo um balanço dos 16 anos no poder de Angela Merkel, o primeiro-ministro referiu ter tido o “privilégio” - nomeadamente devido à disposição dos assentos nas cimeiras do Conselho Europeu, onde os líderes portugueses e alemães se sentam lado a lado – de ter privado, “durante seis anos”, com a chanceler alemã.
“É uma pessoa que, de facto, tem um espírito europeu notável, que procura sempre ouvir os outros, procura encontrar soluções comuns entre os 27 Estados-membros e cuja visão para Europa ficou bem demonstrada quando, em 2015, teve uma posição inequívoca sobre o dever que todos nós temos de corresponder ao drama humanitário dos refugiados”.
António Costa salientou ainda que Merkel “deu provas de ter aprendido bem com os erros do passado”, salientando que “a forma como a União Europeia (UE) respondeu à atual crise” e a “construção dos PRR” foram “possíveis seguramente pela vontade da chanceler Merkel e pelo que aprendeu com a crise anterior”.
Os 60,4 milhões de eleitores alemães estão hoje a votar para escolher os deputados do Bundestag, a câmara baixa do parlamento federal, em eleições legislativas que porão fim aos 16 anos de liderança de Merkel.
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