Das 543 zonas existentes no país, 91 receberão votos nesta quinta-feira, naquele que é o primeiro dia de eleições que se irão desenrolar em sete fases. As regiões irão votar por turnos até 19 de maio, e os resultados devem ser anunciados a 23 de maio, data em que se conhecerão os 543 deputados eleitos para Lok Sabha, a câmara baixa do Parlamento indiano, que escolherá o próximo governo.

Nas eleições de 2014, a vitória foi conquistada pelo Bharatiya Janata Party (BJP, Partido do Povo Indiano), de Narendra Modi, 68 anos, que aspira a um segundo mandato.

Os seus rivais são o Partido do Congresso, formação que dominou a política indiana desde sua independência em 1947, e diversos partidos regionais influentes.

"Convoco a população para que vote hoje, na primeira fase, e que exerçam seu direito com uma participação recorde", escreveu no Twitter o chefe de governo logo após a abertura das seções. "Chamo  especialmente os jovens e os que votam pela primeira vez para que participem de forma maciça".

Narendra Modi, uma presença diária

Modi está onipresente na vida diária dos indianos, com programas de rádio mensais, em cartazes nas ruas, ou com uma cobertura incessante na imprensa.

A exibição de um filme biográfico sobre o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, considerado pelos seus adversários uma peça de propaganda, foi proibida antes das eleições legislativas. A Comissão Eleitoral afirmou que "qualquer biografia que possa influenciar a campanha eleitoral não deve ser divulgada".

Até há pouco tempo ninguém parecia ter condições de vencer os nacionalistas hindus. O partido do chefe do governo vencia quase todas as grandes eleições regionais, votações estratégicas no sistema federal.

Mas várias derrotas do BJP em eleições em estados vitais do norte do país no fim de 2018 renovaram a esperança do Partido do Congresso, liderado por Rahul Gandhi.

Rahul Gandhi, filho, neto e bisneto de primeiros-ministros indianos, encarna a chegada de uma nova geração da célebre dinastia política dos Nehru-Gandhi. O herdeiro de 48 anos, que um dia comparou o poder a "um veneno", tem a missão de rejuvenescer e levar ao poder um partido heteróclito e antigo.

Economia, o calcanhar de Aquiles

Durante o governo nacionalista, a Índia registou uma divergência político-religiosa na sua sociedade, simbolizada pela importância atribuída à vaca. O BJP, partido do governo, multiplicou as políticas de proteção do animal, considerado sagrado no hinduísmo, e milícias executaram linchamentos de minorias em nome deste animal.

Os nomes de cidades e ruas que recordam a herança muçulmana da Índia foram rebatizadas com nomes hindus. E uma regulamentação draconiana afetou a indústria da carne e os curtumes, tradicionalmente administrados por muçulmanos.

"Qualquer um que critique o governo é, de alguma forma ou outra, atacado. Os nacionalistas hindus monopolizam o espaço na mídia, a sua ideologia tem uma forte capacidade financeira e satura o espaço público", destaca Gilles Verniers,professor de Ciência Política da Universidade de Ashoka.

Narendra Modi é muito popular pela sua origem humilde e pela postura de líder forte, imagem que cultiva em paralelo com um atitude bélica em relação ao vizinho Paquistão.

Mas o balanço da economia é o verdadeiro calcanhar de Aquiles.

A economia sofreu violentamente com o fracasso da desvalorização da moeda em 2016, assim como com a entrada em vigor, caótica, do IVA harmonizado. Apesar de uma taxa de crescimento invejável, de 6,7% em 2017-2018, o índice é considerado insuficiente dado o potencial e as necessidades do gigante democrático.

O país não consegue gerar empregos suficientes para o milhão de jovens que chegam todos os meses ao mercado de trabalho. Nas zonas rurais, o mal-estar dos agricultores é grande.

Neste contexto, os analistas duvidam de que Modi consiga, como aconteceu em 2014, a maioria absoluta com o BJP, o que abriria a porta para o complexo jogo de coligações governamentais.