“Não há outra opção, há um governo de direita ou há António Costa. Eu acho que, quer ganhe Pedro Nuno Santos, quer ganhe José Luís Carneiro, a continuidade de António Costa é clara”, afirmou o líder do Chega, referindo-se à disputa para secretário-geral do PS e também às eleições legislativas de 10 de março.

André Ventura, que falava aos jornalistas durante um contacto com a população em Lisboa, considerou que, “ao contrário do que aconteceu na altura de José Sócrates, o PS não fez a sua catarse, não fez o seu momento de reflexão”.

“O PS quer fazer a continuidade de António Costa”, afirmou, apontando que os eleitores têm de decidir nas legislativas do próximo ano se “querem um governo diferente, à direita, ou querem António Costa”, salientando que “o estado do país também é claro, o estado da Justiça também é claro, as implicações sobre o governo são claras”.

E salientou: “os eleitores têm de escolher mesmo se querem mais António Costa ou o fim da era António Costa”.

Nesta visita ao mercado de Natal da freguesia de Alvalade, o presidente do Chega foi questionado sobre que prendas daria ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, respondendo que a escolha recairia sobre “aqueles cartões que dizem até sempre, mas que não vão deixar saudades”.

“É isso que lhes vou dar este Natal, é a prenda para que possam ir e já não voltar, que é isso que nós esperamos”, afirmou, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa, “apesar de tudo, deixará mais saudades” do que António Costa.

Ventura afirmou também que é “muito aterrador” saber que o primeiro-ministro demissionário “ainda não perdeu a esperança de ser presidente do Conselho Europeu”.

O presidente do Chega sustentou igualmente que os socialistas “deviam pôr a mão na consciência” sobre o “que andam a dizer agora do Presidente da República, porque foi o maior aliado do Governo”.

“Foi ele que sustentou o Governo e foi ele que o agarrou. Agora o que andam a dizer dele, que [foi] inconveniente, que leu mal a situação, que não esteve à altura, deviam pôr a mão na consciência, ter vergonha do que andam a dizer do Presidente da República”, criticou.

Questionado ainda sobre o Conselho Europeu que terminou hoje em Bruxelas, o presidente do Chega considerou que “é sempre mau quando os Estados Unidos e a Europa, que são as duas principais potências económicas mundiais, a par da China, começam a hesitar no apoio à Ucrânia”.

“A Ucrânia não vai sobreviver sem o nosso apoio. A Ucrânia, sozinha, não resistirá à agressão russa sem o apoio militar e económico da Europa e dos Estados Unidos. E, portanto, nós devemos sempre lembrar-nos das lições da Segunda Guerra Mundial, se nós deixarmos que um tirano e um ditador vença o mais fraco, hoje são os outros, amanhã seremos nós”, salientou.

Defendendo que é preciso “fazer força para que as democracias vençam esta guerra”, André Ventura apontou que “isso significa dar à Ucrânia todos os meios para Ucrânia vencer esta guerra”.

O Conselho Europeu dos últimos dois dias falhou a unanimidade sobre os cerca de 50 mil milhões de euros para a Ucrânia, discutidos no âmbito da revisão do quadro financeiro plurianual da UE, por causa da Hungria.

Ventura disse também ser “absolutamente favorável à entrada da Ucrânia na União Europeia e ao início destas negociações”.

Esta visita ao mercado de Natal de Alvalade está inserida nas iniciativas de pré-campanha do Chega com o objetivo de "mostrar ao país como o Partido Socialista não resolveu os problemas do país, em várias vertentes".

"Foi o que fizemos há dois dias num outro mercado, aqui também, e temos procurado ouvir as pessoas sobre se o grande desígnio que o governo socialista tinha para Portugal nestes oito anos, que era a recuperação de rendimentos, se foi cumprido ou se não foi cumprido", indicou.

André Ventura desceu e subiu parte da Avenida da Igreja, tendo cumprimentado e falado com algumas pessoas com quem se cruzou. Foi também abordado para tirar fotografias, pedidos aos quais acedeu, e ainda fez questão de pedir uma bola a uns jovens para fazer uma acrobacia com os pés.