"24 anos é uma coisa fora do normal e [o Governo Regional] não tem políticas construtivas nem de futuro para ao Açores, nem estruturais a nível ambiental e financeiro", sublinhou, em entrevista à agência Lusa, Pedro Pimenta, também vice-presidente do partido que concorre às eleições de 25 de outubro.

Pedro Pimenta, que foi entrevistado no Algarve, destacou também a cultura de medo que levou os militantes e apoiantes a pedirem para que os candidatos às eleições "não fossem dos Açores".

Para o MPT, esta é uma "tomada de posição" para tentar combater "esse receio", já que a vida dos candidatos "se torna complicada" quando concorrem contra o poder instituído.

O dirigente acredita que, ao saberem que as listas são constituídas por "pessoas não vinculadas a um poder instalado", os "60% de abstenção" vão perceber que os candidatos são "independentes na sua forma de agir e de trabalhar", o que se vai refletir no resultado eleitoral.

Para o MPT, é possível fazer "uma política séria" sem os orçamentos megalómanos "que outros apresentam", por isso não prevê quaisquer gastos para a campanha eleitoral, procurando apostar nas "redes sociais" e na "comunicação social".

O candidato admite a possibilidade de uma coligação "pós-eleitoral", mas "só se o partido que o pretender" defender os princípios do MPT, nas áreas da "saúde, ambiente, luta contra a corrupção e potenciar a transparência", mas "nunca com o PS", sublinhou.

"Um dos pontos que queremos combater e potenciar é a transparência, a corrupção, os favorecimentos, é um ponto de bandeira do MPT, tanto para o território nacional como para as ilhas" destacou.

Afirmando que os Açores são uma referência de natureza, o número um por São Miguel e pelo círculo de compensação destacou a "defesa dos mares e do ambiente", assim com a projeção de "um turismo sustentável de natureza", como as propostas do partido para o arquipélago, numa lógica de "turismo de qualidade e não de massas".

"O turismo de massas destruiu, o turismo de qualidade constrói e desenvolve", defendeu.

Num ano atípico no turismo, o MPT considera "incompreensível" que o Governo Regional não tenha aproveitado a não inclusão dos Açores nas restrições às viagens do Reino Unido para "potenciar o turismo açoriano nas ilhas britânicas".

Pedro Pimenta destacou ainda que num ano em que a quebra na área do turismo "pode atingir os 80%, cerca de 70 milhões de euros", o executivo socialista apenas apoie o setor com "20 milhões de euros".

A transportadora aérea SATA merece também a atenção do MPT, que se mostra favorável "a uma privatização parcial" da empresa, considerando que, com a entrada de investidores novos, "poderá ser possível abrir novas rotas para trazer mais turismo" para as ilhas e "automaticamente sustentar a empresa".

Para o setor do mar, o MPT defende que os "57% da Zona Económica Exclusiva portuguesa" situados na região açoriana merecem a devida atenção e o arquipélago precisa de ver reforçados "os meios humanos e motorizados marítimos", numa política estrutural que desenvolva este "mercado ambiental e financeiro".

Na componente social, os 27% de abandono escolar até aos 18 anos e o rácio de 93 idosos para cada 100 jovens são, segundo o MPT, números que demonstram a inexistência de "políticas sérias construtivas e de futuro" por parte do atual executivo regional.

Na área da saúde, a atenção centra-se nas listas de espera "de 15 meses" e nos "10 mil utentes na ilha Terceira sem médico de família", sinais de que o executivo regional colocou "a saúde em segundo plano", no que o MPT classifica como um "desinvestimento incrível, abismal, inadmissível e inaceitável".

Nas eleições regionais açorianas, marcadas para 25 de outubro, existe um círculo por cada uma das nove ilhas e um círculo de compensação, que reúne os votos que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.

Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).

O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.

O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.

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