À margem de um almoço com agentes culturais, no parque Mayer, em Lisboa, Rui Rio recusou traçar metas eleitorais ou clarificar se se recandidata à liderança do PSD em caso de derrota nas legislativas.
“Não entro naqueles ditos comuns do politicamente correto e dizer que ‘vou ganhar, tenho toda a certeza’ (…) Claro que tenho dúvidas, então vai haver eleições, eu sei lá quem vai ganhar, sei que posso ganhar e sei que posso perder”, afirmou, dizendo que há dias que tem “uma intuição maior” do que em outros.
Questionado sobre o teor dessa intuição, o líder do PSD reconheceu que “obviamente não é fácil”.
“Obviamente é difícil, mas no domingo à noite, depois de contados os votos, se o PSD ganhar eu não fico muito admirado, mas se não ganhar também não fico, mais franqueza não pode haver”, apontou.
À pergunta se, mesmo perdendo, irá recandidatar-se à liderança do PSD, Rio recusou entrar nessas “contas de cabeça”.
“O que é que me interessa a mim estar a pensar se me candidato, se não me candidato, se eu não conheço o resultado”, questionou, apontando que já não tem 20 anos e não precisa de estar a pensar na sua carreira política.
“O povo vai votar e, como diz a canção, o povo é quem mais ordena e é mesmo. O povo vota sempre bem: se eu ganhar votou bem e se eu perder votou bem também, e eu respeito”, vincou.
Rio reafirmou a sua disponibilidade para reformas estruturais, que apontou como “uma das primeiras razões” para se manter na vida política.
“Essa é a minha disponibilidade de raiz independentemente das táticas do momento, de 06 de outubro. Como isso se arranja no xadrez partidário logo se verá”, disse.
Mas, questionado se tal não será apenas possível se ficar à frente do PSD, respondeu novamente de forma cautelosa.
“Sim, como primeiro-ministro ou como líder do PSD, isso é evidente. Agora é uma coisa a ser vista em função dos resultados, e os resultados não é só um número, é toda uma circunstancia”, afirmou.
Em jeito de balanço, no último dia de campanha, Rio diz ter a certeza de “uma subida muito grande no apoio e na simpatia” para com o PSD, numa “maratona”, que considera ter começado em março, com a elaboração do programa eleitoral do partido.
Já sobre o modelo diferente que quis implementar, o líder do PSD defendeu que os objetivos foram “completamente conseguidos”, com menos comícios e mais sessões de esclarecimento e admitiu até que, no futuro, outros partidos possam seguir este exemplo.
Quanto à campanha, em sentido geral, considerou que “teve pontos positivos e com nível”, apontando o consenso dado à questão das alterações climáticas como o melhor exemplo.
Rui Rio explicou que decidiu terminar a campanha em dois sítios emblemáticos: o parque Mayer, emblemático para Lisboa, onde juntou algumas figuras do teatro e da música, e o Largo do Carmo, emblemático para o país, onde terminará a ‘arruada’ no Chiado, logo à tarde.
“Foi ali que caiu o Estado Novo, foi ali que a democracia renasceu para Portugal”, frisou, voltando a fazer um apelo contra a abstenção pelo “risco e muito trabalho de muitas pessoas” no passado para que se possa votar hoje em liberdade.
Além de que, na sua opinião, quem não votar “está a solidificar” a atual solução governativa, reiterando que se os resultados eleitorais forem semelhantes a 2015 o PS poderá voltar a entender-se com os partidos à sua esquerda.
(Notícia atualizada às 15h09)
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