São várias as igrejas por todo o mundo com capelas dedicadas ao Santo Graal, com a suposta relíquia guardada numa caixa de vidro para que possa ser observada pelos visitantes. Só na Europa, estima-se que existam cerca de 200 cálices com esta denominação, conta a CNN internacional.

Retratado na literatura e no cinema, a verdade é que esta peça associada à vida de Cristo faz parte do imaginário coletivo — de tal forma que a expressão "Santo Graal" até é utilizada noutras andanças, como quando se faz alguma descoberta surpreendente, seja qual for a área.

Contudo, pode já não passar de uma história. "Sinceramente, não creio que o cálice da Última Ceia ainda exista", refere Joanne Pierce, professora de estudos religiosos no College of the Holy Cross, em Massachusetts.

"Jesus certamente usou um cálice na Última Ceia, mas se olharmos para alguns relatos do Evangelho, a sala já estava preparada por outra pessoa [antes de eles chegarem]. Então pode não ter sido o cálice dele", refere.

Para Pierce, católica, a ideia do Santo Graal é mais simbólica do que realista: "uma realidade cultural em vez de uma realidade religiosa".

Mas para muitos ele existe mesmo e, como objeto real, pode ser visitado. Em Valência, Espanha, está um deles. "A tradição revela que é o mesmo cálice que o Senhor usou na Última Ceia para a instituição da Eucaristia", diz o site da catedral sobre o "Santo Cálice da Ceia do Senhor".

Além da importância da afirmação, a verdade é que anunciar o Santo Graal em determinado local é também um atrativo turístico. E não é de agora: o mecanismo acontece desde o período medieval, quando os europeus que participavam nas Cruzadas traziam as chamadas relíquias de Jerusalém para serem veneradas nas suas terras.

Em particular, o Santo Graal teria um interesse especial: afinal, a ser mesmo o objeto real em causa, é o cálice segurado por Jesus, com o qual ele mostrou aos discípulos como celebrar a eucaristia. Um ritual que se repete dia após dia, em cada missa católica.