“Na Comissão e seja onde for, irei apoiar sempre o valor mais elevado possível, não por ser candidata a este cargo, mas por acreditar que a Europa não se pode alargar ou desenvolver e continuar a reduzir os meios de apoio às suas políticas”, declarou Elisa Ferreira numa audição na comissão de Desenvolvimento Regional da assembleia europeia (com a participação de eurodeputados das comissões de Orçamentos e de Assuntos Económicos e Monetários), em Bruxelas.
Naquela que é a audição decisiva para assumir em 01 de novembro a pasta da Coesão e Reformas no novo executivo comunitário liderado por Ursula von der Leyen, Elisa Ferreira foi questionada sobre a proposta apresentada em maio passado pelo executivo comunitário para o próximo quadro financeiro plurianual, que contempla cortes de 10% para a política de coesão em comparação com o atual orçamento 2014-2020, além de uma redução das taxas de cofinanciamento da UE.
“Penso que a proposta apresentada pela Comissão é uma base de trabalho, não é mais do que isso”, vincou a comissária designada por Portugal, notando que “não cabe à Comissão ter de introduzir valores iniciais muito ambiciosos e depois ter de os reduzir, atrasando os trabalhos”.
Ainda assim, “dentro da margem de manobra que tivermos, irei defender junto dos colegas da Comissão o valor mais elevado possível no âmbito do quadro financeiro, para que possamos apresentar os resultados que pretendemos alcançar”, reforçou Elisa Ferreira.
Em respostas escritas dadas ao Parlamento Europeu e divulgadas no final da semana passada, a comissária designada por Portugal afirmava que os cortes na política de coesão previstos na proposta da Comissão Europeia para o orçamento comunitário 2021-2027 são “moderados” e “o melhor cenário possível” face ao atual contexto.
Hoje, a responsável ressalvou que “o resultado final [em termos de montantes para a coesão] será certamente limitado”.
“Mesmo esperando que os valores sejam aumentados, estas verbas serão sempre escassas porque estamos sempre a introduzir novos itens de agenda”, indicou Elisa Ferreira, aludindo às “mudanças do futuro”, relacionadas com as alterações climáticas.
A seu ver, urge, por isso, fazer uma “mudança ‘verde’” na proposta da Comissão, desde logo contemplando o novo fundo que será criado, o Fundo para a Transição Justa, que servirá para apoiar regiões e pessoas afetadas pela transição digital e pela transição climática.
Questionada na audição sobre as verbas para este novo fundo, Elisa Ferreira notou que “ainda é demasiado cedo para dizer de onde virá o dinheiro”.
Dada a hora tardia a que a audição de hoje terminará (aproximadamente às 21:30 de Bruxelas), o parecer dos eurodeputados só será conhecido na quinta-feira de manhã.
Se Elisa Ferreira, de 63 anos, receber a ‘luz verde’ dos eurodeputados, como é expectável, tornar-se-á a primeira mulher portuguesa a integrar o executivo comunitário desde a adesão de Portugal à comunidade europeia (1986).
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