Segundo adianta a edição de hoje do Jornal de Notícias, em Portugal houve, por dia, seis agentes da PSP e militares da GNR a serem agredidos de várias formas em serviço em 2022. Ao todo, 1325 membros das forças de autoridade foram sujeitos a violência até agosto deste ano.
Na PSP, a tendência tem sido de subida desde 2019, quando foram agredidos 616 agentes, passando para 634 em 2020 e 748 em 2021. Só este ano, entre janeiro e 9 de agosto, registaram-se 472 membros da PSP vítimas de violência.
Já na GNR, as estatísticas apontam para 960 militares agredidos em 2019, 1124 em 2020, 990 em 2021 e, desde janeiro até 31 de julho deste ano, foram registados 601 guardas alvo de agressões.
Para César Nogueira, dirigente da Associação dos Profissionais da Guarda, o número de casos registados peca por escasso, já que “há militares que, quando os ferimentos são ligeiros, nem vão ao hospital".
Este dirigente e Paulo Santos, presidente da Direção da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), ambos concordam que parte da razão para estas estatísticas se deve ao escrutínio feito à atuação das autoridades através das redes sociais, especialmente porque são publicados mais vídeos onde estas surgem como agressoras e menos os que denunciam as agressões de que são alvo.
“Os agentes retraem-se, pois sabem que estão a ser filmados e que a sua atuação nem sempre é bem interpretada. Tanto são criticados se a força aplicada parecer excessiva, como se for tida como frouxa", lamenta Paulo Santos. Já César Nogueira adianta que há um sentimento de impunidade por parte das pessoas. "Há pessoas que, sentindo-se impunes, acusam os guardas do uso excessivo da força, quando o que se passa é o contrário. O Ministério Público é obrigado a abrir inquérito e a Guarda um processo disciplinar. Isto é desmotivador", critica.
Ambas as forças sindicais defendem que, como parte da solução, devem ser implementadas as bodycams. "Quem não deve não teme. São importantes para dissuadir agressores e, ao mesmo tempo, registam potenciais falhas dos polícias", diz Paulo Santos.
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