Na conferência da Direção-Geral da Saúde deste domingo, Marta Temido revelou que ontem, sábado, chegou a Portugal um voo com 900 mil testes e 920 mil zaragatoas, assim como um milhão de máscaras cirúrgicas e 700 mil máscaras respiradores (FFP2), para depois assumir que a entrega dos kits de extração, "um dos componentes fundamentais", está atrasada - "estávamos à espera, mas a entrega foi adiada e esperamos que se concretize na semana que começa amanhã" - assim como uma encomenda de 508 ventiladores que deviam ter chegado a solo nacional esta semana, mas que, devido à alteração da regulamentação de transportes na China.

“Na China, esta semana os regulamentos sobre transportes mudaram, obrigando a novas autorizações que estamos a diligenciar por obter, que demoraram alguns dias e isso atrasou o transporte sensivelmente oito dias. Iremos mantendo toda a informação atualizada”, acrescentou.

Questionada pelos jornalistas se a falta de material que levou a encomendas mais tardias, agora atrasadas por fatores externos, a ministra da Saúde garantiu que Portugal "fez a preparação adequada" para enfrentar a pandemia à medida que esta ameaçava chegar ao país.

“A expectativa de regressar à normalidade vai ter de ser sempre temperada até à descoberta da vacina"

“A expectativa de regressar à normalidade vai ter de ser sempre temperada até à descoberta da vacina por medidas de restrição, de contenção e de prevenção que não podemos, tanto quanto sabemos, eliminar por completo”, afirmou Marta Temido.

Na conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia da covid-19, a ministra reconheceu que as previsões relativamente ao futuro são marcadas por uma grande incerteza, mas adiantou que Portugal vai continuar a seguir as recomendações internacionais.

Referindo-se às declarações da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre a hipótese de limitar o contacto das pessoas mais velhas com o seu entorno, pelo menos, até ao final do ano, a ministra da Saúde afirmou que se, chegada a altura, essa for a recomendação mais adequada, então será seguida pelas autoridades de saúde portuguesas.

Em entrevista ao jornal alemão Bild, a ser publicada hoje, Leyen avisou que enquanto não houver uma vacina “é preciso limitar, tanto quanto possível, os contactos dos seniores”, em particular os que vivem em lares.

“É evidente que vivemos num contexto global, aquilo que é a situação de um país europeu influencia os outros e, portanto, estamos longe de ter vencido esta pandemia”, reconheceu Marta Temido, acrescentando que a prioridade é “seguir a cada momento as melhores recomendações e a melhor informação disponível”.

Olhando para a ação do Governo e das autoridades de saúde portuguesas até aqui, a ministra considerou que a preparação para a pandemia foi a adequada, reforçando que neste momento uma das principais preocupações é assegurar que não existem falhas, apesar do contexto de escassez global.

Marta Temido sublinhou ainda que o Governo tem tentado dar uma resposta ponderada que assegure, tanto quanto possível, o equilíbrio entre o valor da vida em sociedade, o valor do funcionamento da economia, sem prejuízos para o valor da saúde pública.

“Sabemos que outros países que optaram por visões muito radicais, ou de deixar tudo aberto ou de fechar tudo, não tiveram tão bons resultados e tiveram de fazer pequenas correções”, afirmou, considerando que a vigilância epidemiológica constante e a introdução de medidas corretivas e mitigadoras conforme o contexto atual são a melhor alternativa.

A ministra da Saúde alertou, no entanto, que o pouco conhecimento que ainda existe sobre o novo coronavírus e sobre a doença implica que todas as decisões que tenham sido e que venham a ser tomadas estão associadas a algum nível de risco.

SNS24: 12 mil chamadas recebidas, 11 mil chamadas atendidas

A ministra da Saúde aproveitou a conferência para fazer um balanço da situação relativa à linha SNS24, a principal ferramenta de contacto do Serviço Nacional de Saúde com a população, assim como a aplicação Trace COVID-19.

Em relação à primeira, Marte Temido revelou que o funcionamento da linha "retomou a normalidade" e que ontem recebeu mais de 12 mil chamadas e atendeu mais de 11 mil com um tempo médio de espera de 28 segundos. “A linha de aconselhamento psicológico recebeu ontem 236 chamadas”, acrescentou.

“Sublinho, por exemplo, que os doentes que estão em domicílio estão a ser acompanhados telefonicamente e neste momento para se ter uma noção numérica do que falamos, temos cerca de 70 mil profissionais inscritos no Trace covid-19 a fazer gestão clínica com apoio do Trace COVID-19 e temos em vigilância clínica por equipas de saúde familiar, ou seja, médicos e enfermeiros de cuidados de saúde primários, mais de 36 mil utentes”, disse a ministra.

Já foram feitos mais de 170 mil testes em Portugal

A ministra fez ainda um balanço do número de testes de despiste da covid-19 já realizados em Portugal desde o início da pandemia, que se cifram agora em 172.440.

A média diária de testes está em 9.100, tendo a última quinta-feira, o dia 09 de abril, sido o dia com maior número de testes realizados até à data, com 11.876 testes realizados, 8% dos quais com resultado positivo.

Os laboratórios públicos são responsáveis por 52% dos testes realizados até ao momento.

Portugal regista hoje 504 mortos associados à covid-19, mais 34 do que no sábado, e 16.585 infetados (mais 598), indica o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

O relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sábado, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortos (280), seguida pelo Centro (120), pela região de Lisboa e Vale Tejo (91) e do Algarve, com nove mortos.

O boletim dá hoje conta de quatro óbitos nos Açores.

Relativamente a sábado, em que se registavam 470 mortos, hoje observou-se um aumento percentual de 7,2% (mais 34).

De acordo com os dados disponibilizados pela DGS, há 16.585 casos confirmados, mais 598, o que representa um aumento de 3,7% face a sábado.

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