“Posso perguntar-lhe uma informação? Quanto tempo de espera?” são as perguntas feitas a três polícias junto à entrada do edifício rosa, na zona de Santos, que respondem entre o “não sei” e “deve ser uma hora ou mais”.

Testemunha dessa espera é Jacques Alexandre, francês de origem portuguesa, e que desde 2013 cumpre o objetivo de “passar a reforma em Portugal ao sol”.

Com mais de 40 compatriotas, viajou do Algarve para poder votar em Lisboa numas eleições em que “se apresentam muitas pessoas e algumas não são boas”.

“E hoje é preciso votar para escolher as pessoas que devem dirigir o país. Espero que o candidato em que eu vou votar esteja na segunda volta, mas há quatro candidatos favoritos e não se sabe”, comenta à agência Lusa o reformado, que refere o desejo de que “os bons candidatos cheguem ao final”.

Há mais de 20 anos em Portugal por se ter apaixonado por um português, Caroline sublinha estar hoje em causa um “voto decisivo”, mas “na segunda volta será ainda mais”.

“As sondagens dão a entender que não podemos faltar ao voto. Damos um sinal democrático”, garante a francesa, que confessa o receio com os “extremos, o que nunca é bom para a democracia”.

Desde que reside em Portugal, Caroline não tem faltado a depositar o voto na urna na embaixada em Lisboa e por isso avalia, convicta, que a fila que desce até à Calçada de Santos “é histórica”.

“Eu nunca vi uma fila assim. Parece a Rússia do tempo da busca da comida”, compara.

Por amor, Marine também trocou França por Portugal e há cerca de dois anos que mora em Beja.

Da cidade alentejana partiu pelas 08:00 de comboio rumo a Lisboa porque “o voto é importante”. “Este é o meu país”, resume a jovem, comentando que nesta primeira volta das presidenciais “há um risco [de extremismo] e por isso se calhar é que há muita gente” a votar.

Quase sem sotaque francês, Susana está quase no fim da fila para a votação e conta como chegou há 17 anos a Portugal, seguindo um “sonho de criança, por assim dizer”.

“Era nova e vim tentar”, resume a francesa, que tem apenas como certeza para esta primeira volta das eleições “sabe em quem não votar”.

“Em quem vou votar vai ser até à última hora, na segunda volta acho que vão estar [Marine] Le Pen e [Emmanuel] Macron”, perspetiva à Lusa.

De França vai sabendo que familiares estão a votar, até porque este é “um dever cívico, quer a França esteja em alerta vermelho, ou não” e que os “franceses estão muito aborrecidos, querem mudança”.

“Se for a Le Pen [da extrema direita] vai haver muitas mudanças, não haja dúvidas”, garante.

Nos votos dos franceses estão 11 nomes para escolher para suceder a François Hollande: Marine Le Pen, Emmanuel Macron, Jean-Luc Melénchon, François Fillon, Benoît Hamon, Nathalie Arthaud, Philippe Poutou, François Asselineau, Nicolas Dupont-Aignan, Jacques Cheminade e Jean Lassalle.

Caso nenhum consiga hoje maioria absoluta, na votação que termina pelas 20:00 (19:00 em Lisboa), a segunda volta das eleições presidenciais decorre no próximo dia 07 de maio.