É o caso de Pedro Viegas que já participa na batalha desde 1986 e nunca faltou "a um combate".

Foi a primeira vez com o irmão mais velho, que durante anos organizou alguns camiões que participaram no combate na "Batalha das Limas".

"Até à data nunca falhei um ano”, garantiu à agência Lusa, explicando que a tradição cresceu "de ano para ano" no seio da família.

A "Batalha das Limas" atrai anualmente centenas de pessoas até à cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, para um combate de água.

"Em criança já vinha para a avenida e batalhava", sublinhou ainda Pedro Viegas à Lusa, a poucas horas do início da batalha.

Todos os anos a batalha é preparada com antecedência, num processo que se estende por semanas e que envolve a participação dos elementos que integram o camião.

“Aproveitamos todas as horas livres, mesmo após o trabalho, para enchermos com água os sacos de plástico que são utilizados na batalha. Tem sido sempre assim nestas últimas três semanas”, relatou.

Só a sua equipa – “Os Sempre Presentes" - levam para a batalha "110 quilos de sacos” que os 25 elementos do camião foram enchendo com antecedência.

São "alguns milhares de litros de água", assinalou Pedro Viegas, indicando que todos os elementos do camião contribuem com uma quantia monetária para suportar as despesas que implicam a participação na batalha.

A batalha começou por ser de flores, que posteriormente foram substituídas por limas, ou seja, pequenos recipientes em parafina produzidos artesanalmente para encher com água. Mas estes recipientes têm dado dar lugar aos sacos plásticos como armas de combate, devido aos custos da cera e porque a confeção de limas é um processo mais moroso.

"Já fizemos limas durante muitos anos. Mas, atualmente não há tanta disponibilidade, porque trabalhamos", explicou ainda.

A batalha inicia-se a partir das 14:00, implicando condicionamentos no trânsito na marginal de Ponta Delgada, e só termina às 19h00.

“Não há vencedores nem vencidos. Encontramos sempre amigos. É um gosto muito grande. É uma forma desta tradição não morrer”, vincou.

Mas, há sempre uma garantia: "ninguém fica com a roupa seca", referiu Pedro Viegas.

A autarquia de Ponta Delgada tem implementado nos últimos anos regras na "Batalha das Limas" que visam a redução do impacto ambiental" da tradição, procedendo ainda à limitação e proteção da zona onde decorre o evento carnavalesco.

Após a batalha, e como vem sendo habitual ao longo dos anos, as equipas de limpeza da autarquia tem também estado no terreno e os participantes dos camiões também participam na limpeza e separação dos resíduos.

Este ano vão participar na batalha nove equipas e 10 camiões.

Para preservar e "manter esta tradição de gerações, única no mundo, reciclando-a para as gerações futuras", foi criada, na ilha de São Miguel, a Associação Cultural e Recreativa da "Batalha das Limas", organização sem fins lucrativos, segundo é referido na página oficial na rede social Facebook deste movimento responsável pela organização da "Batalha das Limas".