Em Seke Banza, o sarampo matou seis pessoas desde o início do ano. Foram registados 1.254 casos, metade deles em menores de cinco anos. A última vítima é um menino que morreu durante a semana no hospital geral da região.

Antes de ser hospitalizado, o menino recorreu a médicos tradicionais, que lhe deram uma série de tratamentos que poderiam ser prejudiciais ao fígado.

Méderic Monier, dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), explica que alguns pacientes "estão na fase aguda do sarampo, com sintomas respiratórios, conjuntivite, febre. Meses mais tarde, com o sistema imunológico em falha, podem desencadear outras doenças".

Adolphe Kiakupuati, caçador, como a maioria dos homens da região, foi vacinar-se com os três filhos. O acesso à informação é um grande problema nesta área, lamentou. "Durante o período de vacinação das crianças (em novembro), estava ocupado no bosque e não fiquei a par. Mas agora serão tratados", afirmou.

Esta semana, teve início uma segunda etapa da vacinação, organizada pelo MSF na região, entre campos, florestas e rios.

As vacinas são levadas de moto às aldeias nos arredores de Temba, a cerca de seis horas de estrada desde o centro de Seke Banza. A vacinação ocorre numa paróquia. A logística é outro grande desafio nesta área, onde as infraestruturas são precárias.

"O grande desafio é conseguir oferecer as vacinas a todas as aldeias, respeitando a qualidade e a refrigeração. Todas as vacinas devem ser mantidas a uma temperatura entre 2ºC e 7ºC", explica o diretor de logística da MSF, Jean Pletinckx.

"A República Democrática do Congo registou a pior epidemia de sarampo de sua história, com mais de 335.413 casos suspeitos e 6.362 mortes desde 1 de janeiro de 2019 até 20 de fevereiro de 2020", apontam os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A organização acrescentou, porém, que "há uma tendência decrescente no número de casos de sarampo reportados".