A tipologia de armas a utilizar no teatro de operações da República Centro-Africana (RCA) pelos militares portugueses tem levantando alguma polémica, relacionada com o uso da G-3 em detrimento da espingarda automática Galil.
“Esta questão foi analisada em tempo, envolvendo os militares paraquedistas atualmente em missão, tendo sido considerado que a G-3 cumpre todos os requisitos operacionais para emprego naquele cenário”, refere o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) em resposta enviada à agência Lusa.
O EMGFA diz que esta é uma questão que está na responsabilidade do Exército, relativa à preparação de forças e meios da componente operacional do sistema de forças, mas salienta a “elevada eficiência operacional demonstrada pelos três contingentes já projetados”.
O EMGFA salienta, numa ideia partilhada com o Tenente-Coronel Paraquedista João Bernardino, comandante das forças portuguesas, que os paraquedistas são uma “tropa especial expedicionária e de primeira intervenção” e que têm que “estar habilitados a usar o que o campo de batalha lhe proporciona ao nível do armamento”.
“Tem que se adaptar e ser flexível, porque são estas as características que os distinguem das demais tropas especiais. Tem de estar habilitado a usar a espingarda automática Galil, mas também a espingarda automática G3, porque é a arma que equipa o Exército português, mas também a AK 47 e outras”, explica.
A espingarda automática Galil equipa as unidades paraquedistas desde a década de 1980, desde o tempo em que os paraquedistas pertenciam à Força Aérea Portuguesa, e mesmo nessa época os paraquedistas continuaram a ter no seu arsenal a espingarda automática G3.
“Ainda hoje, nos batalhões paraquedistas, os pelotões estão equipados com G3. A arma que equipa os atiradores granadeiros das secções Paraquedistas é a G3, que tem acoplado um lança granada de 40mm. O atirador especial que pertence à secção paraquedista está equipado com uma espingarda automática G3 com uma alça telescópica especifica”, adianta.
Os Comandos, que asseguraram a primeira e a segunda força nacional destacada na RCA, operam com outras armas, como, por exemplo, a SIG, de origem austríaca, calibre idêntico à Galil (5.56 mm).
O EMGFA explica que a 3.ª Força Nacional Destacada Conjunta para a República Centro Africana começou a preparar-se para a missão em setembro de 2017 e que desde essa data que a arma individual de todos os 159 elementos que constituem esta força passou a ser a espingarda automática G-3.
“Até ao final do aprontamento da força, que acorreu no dia 16 de fevereiro de 2018, todos os militares da força sem exceção, desde os pelotões de paraquedistas até aos militares do destacamento de apoio, cozinheiros, mecânicos, médicos ou enfermeiros, efetuaram um conjunto de tabelas de tiro de certificação até atingirem a sua validação no manuseamento da arma”, acrescenta.
Na República Centro Africana existem também outras armas, como a MP5 (AK1 e SD com silenciador), a MG4, a MG3, a metralhadora pesada Browning (12,7mm), o lança granadas de 40mm (LGA), lança granadas automático de 40mm Santa Bárbara, espingarda semi-automática Benelli de calibre 12mm, Pistola walther, que são utilizadas em operações.
Quando a nova força chegar à RCA, o que está previsto para o início de setembro, vai ter um tempo de adaptação e de treino que está coordenado entre as Forças Armadas Portuguesas e o Comando da Minusca antes de a força estar pronta para o combate.
“Neste treino, umas das tarefas é ir à carreira de tiro e efetuar o que chamamos na gíria militar ‘zerar as armas’, ou seja, todas as armas que tiverem aparelho de pontaria vão ficar alinhadas de acordo com as características do militar que a vai usar, porque todos os militares são diferentes”, salienta, referindo que só depois é que as forças vão estar prontas para as suas missões.
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