“O emir desloca-se hoje à Arábia Saudita, vamos rezar a Deus para que ajude a salvaguardar a unidade do Golfo”, declarou perante o parlamento o deputado Ali al-Deqbasi.
“O povo do Koweit e os do Golfo apoiam do fundo do coração os esforços do emir para ultrapassar este obstáculo”, declarou por sua vez o deputado Jamaan al-Harbash.
Diversos deputados manifestaram apoio à iniciativa do emir, que já tinha desempenhado uma função decisiva na disputa em 2014 entre Doha e três dos seus vizinhos árabes do Golfo.
A Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, e ainda o Egito, o arquipélago das Maldivas, e um dos governos rivais do Iémen e da Líbia, romperam na segunda-feira as relações diplomáticas com o Qatar após acusarem Doha de apoiar movimentos islamitas radicais.
No decurso de um contacto telefónico na segunda-feira, e segundo os ‘media’ koweitianos, o emir do Koweit exortou o xeque do Qatar Tamim ben Hamad Al-Thani à contenção para evitar o aumento da tensão regional.
Sabah al-Ahmad Al-Sabah pediu igualmente que fosse concedida “uma hipótese aos esforços destinados a conter as tensões entre países irmãos”.
O Koweit, membro do Conselho de Cooperação do Golfo, não se associou, à semelhança de Omã, às medidas decididas pelo Qatar pelos restantes três membros do organismo.
A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Egito e o Bahrein também anunciaram o encerramento dos respetivos espaços aéreos às companhias aéreas do Qatar. Riade anunciou hoje que retirou a autorização de operação da companhia aérea Qatar Airways e ordenou o encerramento dos seus escritórios no país em 48 horas.
Todas as rotas da Qatar Airways com destino ao ocidente viram o seu trajeto alterado e começaram a passar pelo espaço aéreo do Irão e da Turquia, informaram as páginas eletrónicas Flight Radar e Flight Aware, que monitorizam os voos em tempo real.
Já hoje a Qatar Airways anunciou a suspensão de todos os voos de e para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito “até nova ordem”.
A medida surge depois de sete companhias aéreas terem anunciado, na segunda-feira, a suspensão dos voos de e para Doha na sequência do corte de relações diplomáticas entre uma série de países e o Qatar.
A rutura de relações foi acompanhada por um conjunto de medidas que implicam o isolamento do Qatar, anfitrião do Mundial de Futebol 2022, com o encerramento de fronteiras terrestres e marítimas, proibições de sobrevoo e restrições à deslocação de pessoas.
A crise diplomática culmina anos de tensões na aliança entre os produtores de petróleo do Golfo e reflete uma irritação crescente dos países vizinhos com o apoio do Qatar a organizações que os outros Estados árabes consideram terroristas.
Alguns analistas relacionam também o agravamento da situação com a recente viagem do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à região, marcada pelo reforço dos laços com a Arábia Saudita e pelo apelo aos líderes árabes para que assumam a luta contra o terrorismo.
Dias depois da visita, o Qatar anunciou que a sua agência oficial, QNA, foi “pirateada por uma entidade desconhecida” e que “declarações falsas” sobre o Irão, o Hezbollah, o Hamas e a Irmandade Muçulmana foram atribuídas ao emir.
As acusações ao Qatar de apoio ao terrorismo são recorrentes, mas Doha nega-as.
O Qatar acolhe no seu território dirigentes do Hamas – como Khaled Meshaal – e da Irmandade Muçulmana – como Yussef al-Qaradaoui -, consideradas organizações terroristas pelos países vizinhos.
O país é também acusado de laxismo na luta contra o financiamento do terrorismo através de fundos privados.
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