Com início marcado para as 20 horas locais (19 horas em Lisboa), Emmanuel Macron dirigiu-se ao povo francês, começando por, tal como tinha feito ontem à noite, agradecer o trabalho dos bombeiros que conseguiram "derrotar" o fogo que deflagrou na Catedral de Notre-Dame ao "tomar os mais extremos riscos".

"O que vimos foi esta capacidade para nos mobilizarmos, para nos unirmos para vencer", disse o chefe de estado, lembrando que o povo francês construiu "cidades, portos, igrejas" ao longo da sua história, sendo que "muitos arderam, foram destruídos", mas que "de todas as vezes, foram reconstruídos". "O fogo de Notre-Dame lembra-nos que a nossa história nunca pára".

O líder francês lembrou o grande número de doações que foram feitas nas últimas 24 horas - que já ultrapassaram os 600 milhões de euros - , evocando o papel dos "ricos e dos menos ricos" ao dar dinheiro para ajudar à recuperação do monumento. "Cada um deu o que pôde, cada um no seu lugar, cada um com o seu papel", considerou Macron.

Foi devido a este apoio que, segundo o chefe de estado, será possível reconstruir uma Notre-Dame "mais bela", revelando a vontade de que esta seja recuperada no espaço de "cinco anos". "Depende de nós encontrar a linha do nosso projeto nacional, aquele que nos fez, que nos une: um projeto humano, apaixonadamente francês", disse o presidente, antes de agradecer aos francês e aos "estrangeiros que amam a França e Paris", dizendo partilhar "sua dor, mas também a sua esperança".

Esta meta de cinco anos surge em desacordo com as perspetivas dos especialistas, que estendem o prazo de recuperação da Catedral para 10 a 15 anos. Um deles, Frédéric Létoffé, rejeitou as previsões a curto prazo, lembrando que antes do restauro vai ser necessário assegurar o que sobreviveu ao fogo e que isso passa, por exemplo, por criar condições para proteger o monumento dos elementos, como a chuva e o vento.

Tendo tido início às 17:50 de ontem, o incêndio na Catedral de Notre-Dame foi extinto ao fim de 14 horas de combate às chamas por parte dos bombeiros de Paris. O fogo consumiu toda a estrutura do teto e levou, inclusive, à queda do pináculo da catedral, mas poupou as torres do campanário norte e grande parte do espólio artístico que continha. Os serviços de emergência estão atualmente "a examinar o movimento das estruturas e a extinguir os focos residuais", procurando confirmar see as paredes em pedra aguentaram o calor e se a estrutura se mantém estável.

Este incêndio levou Macron a adiar a comunicação que faria ontem à tarde com um pacote de medidas em relação às reivindicações dos 'coletes amarelos', fruto de uma digressão que fez pelo território francês a recolher sugestões por parte da população, naquilo que definiu como o 'Grande Debate' do país. O presidente, contudo, voltou a não fazer referências a esta comunicação, dizendo que "o tempo ainda não chegou", mas prometendo "voltar nos próximos dias para que possamos agir coletivamente como parte do nosso grande debate".

A agência France-Presse, no entanto, já obteve um rascunho do discurso que o presidente supostamente iria fazer ontem, no qual constam medidas como uma redução dos impostos da classe média e eliminação de alguns incentivos fiscais. No discurso, Macron também se compromete a estudar novamente o Imposto sobre Fortunas (ISF), cuja eliminação foi muito criticada.

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