"Não está na minha natureza ficar quieto. Estamos a fazer o impossível por manter os 13 postos de trabalho, respeitando os compromissos assumidos com os clientes", explica o empresário Fernando Santos, um dos proprietários da Madeiseixo-Indústria e Comércio de Móveis e Carpintaria, que comercializa a marca Móveis Cruzeiro.

Na noite de dia 15, as chamas destruíram os escritórios, a fábrica, camiões e empilhadoras e queimaram parte da zona de exposição da empresa situada no Polo I da Zona Industrial de Mira.

Os prejuízos, relata Fernando Santos, foram superiores a um milhão e meio de euros. A empresa de natureza familiar (a propriedade pertence a Fernando Santos e a duas irmãs, tendo sido fundada há 50 anos pelo pai) não tinha seguro.

"Foi um golpe muito forte", reconhece o empresário, que foi buscar forças "ao prestígio da marca" e à vontade de "não deixar ficar mal os clientes e os funcionários".

Com um volume anual de negócios entre 800 mil euros e o milhão de euros, a empresa exporta 70 por cento da sua produção para o estrangeiro, sobretudo para Paris.

"Vendemos para a comunidade portuguesa, mas não só", relata Santos.

Ainda os bombeiros de Mira andavam a fazer o rescaldo do incêndio, já Fernando Santos tinha traçado um plano para a recuperação da fábrica. A primeira medida foi alugar novas instalações para a empresa, mudando a sede para um edifício situado a pouco mais de 500 metros, no outro lado da Estrada Nacional 109.

Os Móveis Cruzeiros estão agora instalados num edifício moderno, com área industrial e administrativa, que até há poucos meses albergava a Mirapack, empresa de embalagens que se expandiu para outra área da Zona Industrial.

"Vamos pagar uma renda simbólica durante um ano, graças à compreensão e ajuda da senhora Clara Menacho [dona da Mirapack], a quem estou muito agradecido", explica Fernando Santos.

A zona de produção já está pronta a funcionar, com máquinas (muitas dela em segunda mão) cedidas pelos fornecedores habituais da Móveis Cruzeiro, que acreditam na recuperação rápida da empresa. "Todas as máquinas são dos fornecedores", explica Fernando Santos, que adianta que vai pedir um empréstimo bancário para manter a fábrica em funcionamento.

Apesar das más notícias, os clientes mantiveram as encomendas, o que anima o empresário e os funcionários. "Vamos ver como corre este ano", antecipa Fernando Santos, acompanhado pelo eletricista da empresa, que tem trabalhado "noite e dia" para deixar tudo pronto a funcionar.

Questionado sobre se espera algum apoio por parte do Governo, nomeadamente do ministro da Economia, que na quinta-feira visita as empresas de Mira atingidas pelas chamas, Fernando Santos encolhe os ombros.

"Não espero nada. Se ficar à espera não resolvo nada. Mas se o ministro trouxer um cheque para nos ajudar fico satisfeito".