A J. Nunes e Filhos Lda, empresa ativa na freguesia de S. Paio de Oleiros desde 1986 e licenciada pelo Ministério do Ambiente desde 2002, emprega cerca de 10 funcionários e dedica-se à retoma, triagem e valorização de resíduos de papel, cartão e plástico.
A presidente da Junta de Freguesia de S. Paio de Oleiros, Ana Pires, afirmou à Lusa que esta unidade "era de base familiar, tinha estabilidade financeira" e estava em vias de crescimento.
"O grande impacto que isto tem na freguesia não é tanto económico, mas mais social, porque estamos a falar de dois jovens empreendedores que já tinham licenciamento para proceder à ampliação da empresa", revela à Lusa.
A autarca lamenta, aliás, que, desde meados de 2016, a freguesia venha sendo notícia sobretudo por grandes incêndios. "Quando Oleiros é fustigada pelos fogos, é incrível - arde tudo", recorda, em referência ao sinistro que destruiu o presépio da marca Cavalinho, que detinha o recorde do Guiness como sendo o maior do mundo em movimento.
Manuel 'Facho' Silva, morador local que é vizinho da empresa, também lamenta a destruição desta madrugada: "Já cá tivemos muitas fábricas e empresas a trabalhar com papel, mas nunca vimos um incêndio tão grande".
O septuagenário concorda que a empresa era "sólida" e realça que vinha sendo "gerida por uns moços novos, que tinham ideias de a fazer crescer".
Carlos Tavares, cuja residência estava ainda mais próxima do incêndio, tem opinião idêntica. "Vivo aqui há cinco anos e estamos mesmo de frente para os fardos de papel, o que implica sempre alguns riscos, mas nunca cá houve problema nenhum neste tempo todo. Não temos razão de queixa da empresa", contou à Lusa.
Para este habitante de Oleiros, o incêndio motivou algumas preocupações até às 03:00, mas não lhe tirou o sono depois disso. "Nunca senti que a casa estivesse em risco e tinha mais medo que o fogo chegasse à mata aqui ao lado, mas, como a terra ainda estava toda empapada das chuvas, não houve problema e depois dormimos descansados", concluiu.
Um dos proprietários da empresa de tratamento de papel de Santa Maria da Feira, que pediu para não ser identificado pelo nome, afirmou que pretende que a empresa continue a laborar.
Segundo o site da J. Nunes e Filhos Lda., a unidade serve "uma ampla variedade de instituições: serviços públicos, bancos, gráficas, cartonagens e hipermercados, além de várias outras empresas produtoras de resíduos".
Nas suas instalações procedia-se à triagem dos resíduos de papel, cartão e plástico, que aí eram "limpos de matérias impróprias, separados por qualidade" e, no caso de serem panfletos, arquivos ou documentos confidenciais, também triturados.
As etapas finais do processo eram depois o enfardamento desses papéis e plásticos e, finalmente, o seu envio para reciclagem.
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